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Polícia Federal investiga uso de aeronaves da FAB para tráfico de drogas

A Polícia Federal (PF) deflagrou na terça-feira (02) a Operação Quinta Coluna, com o objetivo de avançar nas investigações sobre uma “associação criminosa que se utilizou de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para remeter drogas para a Espanha”. De acordo com a PF, as investigações abrangem também a “lavagem de ativos” que teriam sido obtidos por meio dessa prática criminosa.

Em nota, a PF informa que cumpriu 15 mandados de busca e apreensão, além de dois outros mandados que “restringem a comunicação dos investigados e a saída do Distrito Federal”. Ainda segundo a PF, foi determinado, pela Justiça Federal do Distrito Federal, o sequestro de imóveis e de veículos dos envolvidos nesse esquema criminoso.

“As investigações demonstram que, além do sargento preso na cidade de Sevilha, na Espanha, outras pessoas se associaram ao militar, de forma estável e permanente, para a prática do crime de tráfico ilícito de drogas, tendo sido apresentados à Justiça elementos que indicam pelo menos mais uma remessa de entorpecente para Espanha”, diz a nota da PF.

Sobre o crime de lavagem de dinheiro, as investigações apontam “diversas estratégias do grupo criminoso para ocultar os bens provenientes do tráfico de entorpecentes, especialmente a aquisição de veículos e imóveis com pagamentos de altos valores em espécie”. Uma casa avaliada em R$ 4 milhões foi alvo de sequestro judicial no âmbito da operação. O imóvel fica no Lago Sul, área nobre de Brasília.

Três pessoas jurídicas foram alvos da operação. A suspeita é de que as empresas eram usadas para lavar dinheiro. Um tenente-coronel, a mulher do sargento que já havia sido preso, e mais alguns tenentes da FAB também são investigados por tráfico internacional de drogas e foram alvos de busca e apreensão.

Investigação

Segundo a PF, as investigações demonstram que, além do sargento brasileiro Manoel Silva Rodrigues, flagrado com 37 kg de cocaína em um avião da comitiva presidencial, em junho de 2019, na Espanha, outros suspeitos se associaram ao militar, “de forma estável e permanente, para a prática do crime de tráfico ilícito de drogas”.  “Os autos foram encaminhados para a Auditoria Militar competente, que enviou para o Ministério Público Militar, a quem coube oferecer a denúncia, estando a ação penal em curso, conforme determina o Código Processo Penal Militar”, informou a FAB por meio de seu Centro de Comunicação Social.

“A Força Aérea Brasileira e a Polícia Federal atuaram conjuntamente desde o início das investigações e, na data de hoje, militares apoiaram o cumprimento de diligências necessárias ao prosseguimento da investigação de crimes de competência daquela força policial”, complementa a nota.

À época, Jair Bolsonaro (sem partido), não estava na aeronave. O avião onde estava o militar, que atua como comissário de bordo em voos da FAB, costuma fazer a rota presidencial antes do avião do presidente em viagens longas, e, por isso, fica à disposição do Executivo para quando ele pousar no destino. O militar cumpre pena no país europeu e, em setembro do ano passado, a Justiça espanhola negou o pedido de transferência do sargento para o Brasil.

Em relação à lavagem de dinheiro, as investigações apontam “diversas estratégias do grupo criminoso” para ocultar os bens obtidos por meio do tráfico de drogas, “especialmente a aquisição de veículos e imóveis com pagamentos de altos valores em espécie”, disse a PF.

As penas previstas para os crimes de associação para o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro vão de 3 a 10 anos de prisão.

Droga apreendida

Em junho de 2019, o sargento da Aeronáutica brasileira foi detido no aeroporto de Sevilha por transportar 37 kg de cocaína na bagagem de mão. A droga estava em pacotes de um pouco mais de 1kg. O entorpecente foi detectado por agentes espanhóis.

No ano passado, o militar fez um acordo com a promotoria espanhola e cumpre pena de seis anos e um dia de prisão. O tempo de pena é menor do que o da condenação anterior, de oito anos. Rodrigues também foi condenado a pagar uma multa de 2 milhões de euros.

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