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Inspirado em Paraty, projeto promete revitalizar construções históricas da Baixada Fluminense

Já faz tempo que os moradores de Iguassú Velha, atual Vila de Cava, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, desejam a revitalização da região, berço histórico da cidade. Há 23 anos no local, a empresária Maria Aparecida Nuss Macedo, de 59, sonha ver o bairro transformado num polo de turismo, o que está mais perto de acontecer: até o fim deste ano, esse sonho começa a ganhar forma para virar realidade. A torre da Igreja de Nossa Sra. da Piedade de Iguassú, a escadaria do Cemitério da Vila de Iguassú e o Cemitério de Nossa Sra. do Rosário dos Homens Pretos vão passar por uma restauração, e as obras já estão começando.

As construções são dos séculos 18 e 19 tombadas pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), mas ficaram abandonadas por décadas. Há pouco mais de um ano, com financiamento da iniciativa privada, começaram os trabalhos para a revitalização.

— A gente luta por isso há 20 anos. Participo de um grupo de mulheres, e, há cinco anos, roçamos essa área toda. O intuito era revitalizar, fazer um circuito de turismo aqui para preservar a história do lugar — conta Maria Aparecida, que já chegou a desenvolver atividades na região com outros moradores.

A ideia é criar um Parque Histórico e Arqueológico, como informou o secretário de Cultura de Nova Iguaçu e historiador Marcus Monteiro.

— A região é um berço da história da Baixada. Era a sede da Vila de Iguassú até 1891. O projeto contempla a reconstrução do casario antigo com 20 a 30 casas. Vamos fazer um chamamento público e doar o terreno para artistas, bistrôs, artesãos, pessoas que estejam preocupadas com a preservação. Será uma nova Paraty — diz, citando a cidade do Litoral Sul do Rio famosa por seu Centro Histórico.

No projeto também estão a reativação da Irmandade Nossa Sra. do Rosário dos Homens Pretos e a criação de uma área para que religiosos de matriz africana deixem suas oferendas.

A bióloga Érica Fernanda dos Santos, de 43 anos, que também mora na Vila de Cava, lamenta que a região seja tão mal aproveitada:

— Tem tanta coisa para aproveitar da nossa história… As pessoas e o poder público deveriam zelar mais por isso.

Apesar de o financiamento ser da iniciativa privada, a Secretaria municipal de Cultura de Nova Iguaçu está desenvolvendo o projeto das restaurações e das construções. O arquiteto Amauri Lopes, superintendente de Patrimônio de Nova Iguaçu, disse que se inspirou justamente em Paraty para desenvolver o projeto do casario por causa da semelhança nas construções:

— A tipologia das ruas, o pavimento em pedra e a arquitetura das casas e dos sobrados são semelhantes (à cidade de Paraty) porque foram construídos no mesmo período. Por isso, procuramos fazer similar.

A Prefeitura de Nova Iguaçu também prevê obras na Fazenda São Bernardino, que pertence ao município e fica na mesma região da Vila de Cava — a Justiça concedeu o registro de posse ao município em 2018. O conjunto arquitetônico composto por casa grande, senzala e engenho já foi considerado um dos mais ricos do Rio. A construção histórica foi erguida em 1875 e é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). No entanto, com o tempo, o lugar foi sendo esquecido. Na década de 1980, um incêndio arruinou o pouco que restava da propriedade — que já havia sido saqueada e abandonada por seus últimos donos. Agora, a prefeitura pretende começar as obras ainda neste mês para restaurar o local.

 

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