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Paraty: Vidal e Carpinelli na mira da Justiça

Reconhecida como patrimônio da humanidade pela UNESCO e cercada por uma linda natureza, a cidade de Paraty, na Costa Verde do Rio, está se preparando para voltar às urnas para escolher um novo prefeito no próximo dia 15 de novembro. Apesar dos ares de esperança e renovação política, uma sombra se mantém sob a capital fluminenses da literatura: a corrupção. Após passar, em 2019, por uma eleição suplementar com objetivo de substituir o mandatário anterior, cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Paraty continua tendo uma administração sob suspeita.
O Ministério Público Eleitoral (MPE) apresentou, no início da semana, Notícia de Irregularidade em Propaganda Eleitoral (nº 0600346-87.2020.6.19.0057) após a apreensão de centenas de vales que supostamente seriam trocados por combustíveis em um posto de propriedade do empresário Ronaldo Carpinelli, maior fornecedor de produtos e serviços da Prefeitura.
Segundo o promotor Yan Portes Vieira de Souza, diligências ainda estão sendo feitas e, só após a conclusão, o material apreendido e o que vier a ser anexado será anexado. O MPE poderá então, optar por apresentar denúncia ou não, nas esferas Criminal, Cível e Eleitoral.
Segundo levantamento, divulgado pelo jornal O Dia, entre os contratos entre uma empresa pertencente à Carpinelli e a Prefeitura está um de R$ 1.165.100,00 e valor final de R$ 2.300.200,01 com dispensa de licitação, pelo aluguel de tendas para o Hospital de Campanha, com a empresa Solare Eventos Ltda-ME, assinado em 30 de abril deste ano.

Reincidente
Ronaldo Carpinelli já é envolvido em esquemas ilegais, atualmente investigados pela Justiça Eleitoral em Paraty, para apuração de captação ilícita de votos e abuso de poder econômico para compra de votos do candidato à prefeitura de Paraty Luciano Vidal, conforme processo n° 0000083-41.2019.6.19.0057 – AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL – esta ação tem como réus também o atual prefeito e candidato à reeleição Luciano de Oliveira Vidal e o atual vice-prefeito Valdecir Machado Ramiro.
Em agosto de 2019, Carpinelli teria circulado em áreas carentes da cidade distribuindo dinheiro, material de campanha e pagando alimentos e bebidas em troca de votos para a chapa encabeçada por Vidal. Segundo o Ministério Público, ele chegou a ser preso em flagrante no dia da eleição, mas foi liberado após pagar fiança de R$10 mil.
Candidato à reeleição pela coligação ‘Trabalhando o Futuro de Paraty’, que reúne as siglas PP, MDB, PODE, REPUBLICANOS, PDT, DEM e PT, Luciano de Oliveira Vidal (MDB) terá uma árdua missão pela frente de recuperar a confiança do paratiense. De acordo com a denúncia, os vales estavam sendo usados pra ‘comprar’ votos para a sua chapa, que tem como vice o Pastor Isaque.
Em 10 de outubro, a Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro apreendeu diversos tickets de gasolina no Posto Marina Boa Vista, sendo encontrados 4 tickets para 10 litros de gasolina, 227 tickets de 20 litros, 67 tickets de 30 litros, 52 DANFE Simplificado de 20 litros com “município de Paraty” como destinatário e 5 requisições oficiais de combustível da Prefeitura de Paraty, que se encontravam misturadas entre os vales. Todos os tickets possuem rubrica na parte da frente e carimbo “Enseada Boa Vista Marina e Transporte Ltda.” e encontram-se em custódia no Cartório da 57.ª Zona Eleitoral.

Gastos com campanha

Além da relação próxima com o candidato, e do processo ao qual já está respondendo, o empresário Ronaldo Carpinelli, se envolveu novamente neste esquema imoral, que, sem dúvida alguma não tem nada de caridoso.
Obviamente o empresário não está simplesmente gastando seu dinheiro, mas sim investindo na vitória do candidato Luciano Vidal, em cuja pessoa, caso venha a recair o cargo de prefeito, estão depositadas as garantias de que todo o dinheiro distribuído na campanha, voltará com muito mais lucro para o empresário.
A apreensão foi resultado de uma denúncia (2020251050110515) no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, disponível para consulta no https://www.tre-rj.jus.br/denuncia-internet/consultaAndamento.denuncia. Nela, declara-se a ligação entre o candidato Luciano Vidal e a distribuição gratuita dos tickets para a população paratiense como forma de compra de votos.
Entretanto, o empresário Ronaldo Carpinelli, apesar de ter sido pego com a boca na botija, distribuindo vantagens, e preso em flagrante em agosto de 2019, e novamente agora estar dando gasolina para o eleitorado, não figura como doador da campanha, também segundo o site do TRE-RJ, que pode ser conferido na plataforma ‘DivulgaCandContas’, o que evidencia mais ainda a imoralidade como está sendo realizada a campanha.
Segundo informações do site do TRE o Candidato Luciano Vidal declara um patrimônio de quase R$ 175.000,00, sua doação pessoal para campanha, é no valor inacreditável de R$ 40.000,00, uma parcela considerável de seu patrimônio.

Envolvidos rebatem
acusações: ‘Fake news’
A denúncia do MPE caiu como bomba na cidade e movimentou o cenário político no município. Para ludibriar o eleitorado os envolvidos rebateram as acusações alegando serem alvos de fake news. Por meio da assessoria de imprensa, o Vidal disse que o “Ministério Público não ofereceu nenhuma representação contra o prefeito Luciano Vidal, nem contra ninguém. Os advogados da coligação do prefeito entraram com representação no MP solicitando denuncia de veiculação de fake news em redes sociais vinculadas a um dos adversários políticos do prefeito, em Paraty”.
Em entrevista a um jornal local, o empresário Carpinelli confirmou que houve uma inspeção de agentes da Justiça Eleitoral no posto, mas negou a ocorrência de apreensão de materiais. “Não teve apreensão nenhuma, por Polícia Federal nenhuma e não teve prisão nenhuma. Isso é mais uma armação que sempre aparece na época de campanha aqui. O que houve foi uma denúncia, de natureza eleitoral, de que estaria havendo uma distribuição gratuita de combustíveis e a fiscalização da Justiça Eleitoral esteve lá no meu estabelecimento apurando”, disse Carpinelli.

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