Geral

Carmélia Alves, a eterna Rainha do Baião

Nomeada por Luís Gonzaga a “Rainha do Baião”, Carmélia Alves completaria 98 anos no último domingo (14). Sucesso na década de 1950 com Sabiá na gaiola e reconhecida no Brasil e na América Latina, Carmélia vendeu milhares de cópias, o que obrigou a gravadora Continental de Buenos Aires a abrir outra filial para conter a venda tão grande. Ganhou todos os prêmios importantes da época, que estão expostos em um museu.

Carmélia Alves foi intérprete de algumas musicas que se tornaram imortais no cancioneiro nacional. Na década de 50 fez muito sucesso com a música “Sabiá na Gaiola”, com a qual seu nome ultrapassou fronteiras. Outros sucessos: ”Trepa no Coqueiro” ,  “Pé de manacá”,  “Esta noite serenou”,   “Cabeça Inchada”  e até frevos-canções muito cantados no Carnaval de Pernambuco. Foi cantora da boate do hotel Copacabana Palace e cantava sambas no estilo de Carmem Miranda. Foi integrante do grupo “Cantoras do Rádio”, formado em 1988, com as amigas Ellen, Violeta e Carminha.

Filha de Raimundo – um cearense festeiro, que gostava de musica e de organizar festinhas nos bairros onde morou com Adelina, sua esposa, nascida na Bahia. Desse casamento nasceu Carmélia, numa quarta-feira de cinzas no bairro carioca de Bangu, no Rio de Janeiro. Carmélia Alves se mudou com a família ainda pequena para Areal, em Petrópolis, onde foi criada. Com 17 anos, voltou à então capital federal para estudar e começou a se interessar por música, especialmente as cantadas por Carmen Miranda. Chegou a participar de programas como “Calouros em desfile” e “Estrada do Jacó”, comandados por Ary Barroso no final da década de 1930.

Apesar de brilhar nas rádios Cruzeiro do Sul e Tupi, foi no ambiente do Copacabana Palace que Carmélia teve os primeiros contatos com grandes nomes da música brasileira e do cenário internacional. Em 1940, quando ela já cantava na Rádio Mayrink Veiga, foi convidada pelo locutor César Ladeira para fazer o horário que antes era de Carmen Miranda. Nesta época, ela conheceu o cantor Jimmy Lester, morto em 1998, com quem ficaria casada durante 54 anos. Um casamento muito sólido e de muita compreensão como ela própria gostava de dizer nos 15 anos que permaneceu viúva, até sua morte.

Carmélia Alves numa de suas viagens a trabalho para o Recife, descobriu o músico e sanfoneiro Sivuca, em 1951, na Rádio Jornal do Comércio, e o trouxe para o Rio de Janeiro.

A morte de Jimmy, em 1998, fez Carmélia cair em depressão, mas nos anos 2000 ela estaria de volta com Ellen, Violeta Cavalcanti e Carminha Mascarenhas no show Cantoras do rádio – Estão voltando às flores.

Carmélia foi apelidada de Rainha do Baião pelo amigo Luiz Gonzaga, com quem fez o show histórico no Teatro João Caetano no Projeto Seis e Meia, que deu origem ao disco “Luiz Gonzaga & Carmélia Alves”, gravado ao vivo em 1977. Entre seus muitos sucessos estão ainda “Trepa no coqueiro”, “Marinheiro só” e “Sabiá lá na gaiola”.

Desde 2010, Carmélia vivia no Retiro dos Artistas. Ela sofria de Alzheimer e morreu no dia 3 de novembro de 2012, aos 89 anos, vítima de complicações cardíacas, no Hospital das Clínicas de Jacarepaguá, onde estava internada há 20 dias.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo