Os caminhos de Santiago de Compostela revelam cenários deslumbrantes
Localizada na região da Galícia, ao norte da Espanha e que faz fronteira com Portugal, Santiago é uma cidade muito famosa, sendo uma das mais visitadas do país. Isso se deve justamente por conta da fama do Apóstolo Santiago e dos diversos caminhos até à cidade, seja por devoção ou conquista pessoa. Apesar de ser uma cidade relativamente pequena, com cerca de 100.000 habitantes, é uma cidade que durante a baixa temporada é lotada de estudantes, graças à sua Universidade e que no verão tem sua população duplicada, por conta de tanto turismo.
A capital da Galiza, na Espanha, teve a sua região central eleita como Patrimônio Mundial da Unesco, em 1985, por abrigar edifícios medievais inspiradores, e que certamente chamarão a sua atenção.
A popularidade de Santiago de Compostela atinge um nível internacional, principalmente entre os cristãos, por possuir uma das rotas de peregrinação mais importantes do mundo.
Quando ir
Para quem vai fazer o caminho de Santiago, as épocas indicadas são a primavera e o outono, mas se este não é o seu caso, qualquer época vale a pena; contudo, existem algumas questões a considerar.
No verão europeu (julho e agosto, em especial), por exemplo, a cidade fica lotada e mais cara; e, se você não curte frio, evite o inverno, apesar de ele nem ser rigoroso.
Monte do Gozo
Este é o primeiro monumento que os turistas avistam ao chegar em Santiago de Compostela, e o nome dado a ele é uma referência a alegria que os peregrinos sentem ao terminarem a sua jornada. Aproveite a visita para ter a melhor vista da cúpula da Catedral de São Tiago, o cartão postal da cidade.
Museu e Catedral de Santiago de Compostela
A Catedral de Santiago de Compostela é uma das catedrais mais lindas da Espanha. Este templo católico é o destino principal dos peregrinos cristãos que percorrem o caminho da Compostela, pois abriga o túmulo do apóstolo Santiago Maior, padroeiro da Espanha.
A catedral foi construída entre os séculos XI e XIII e apresenta diversos estilos arquitetônicos, como o gótico, barroco e o românico e também possui um museu homônimo, com um rico acervo formado por diversas obras artísticas e arqueológicas da época romana e moderna.
Por dentro a catedral é enorme, com aproximadamente 14 capelas. Algumas dessas capelas valem a pena serem ressaltadas, como a Capela das Relíquias, onde fica o panteão real e onde estão enterrados membros da realeza espanhola (Alfonso IX de León e Fernando de León).
Pazo de Raxoi
Situado na Praça do Obradoiro, bem de frente para a Catedral de Santiago, o Pazo (ou Paço) de Raxoi é a sede do governo de Santiago de Compostela e também da Junta da Galiza. Sua arquitetura neoclássica possui uma representação da batalha de Clavijo, e também da figura do padroeiro da Espanha. Prepare-se para tirar belíssimas fotografias deste edifício histórico.
A Plaza del Obradoiro é um dos lugares mais turísticos, pois é onde está o km 0 de todos os caminhos de Santiago. Quando chegar nela, verá vários grupos de peregrinos gritando de emoção, fotografando a praça e inclusive deitados, descansando depois do caminho feito. É uma praça com um significado muito grande e cheia de energia. Além de ser lá que fica uma das fachadas da Catedral, é lá que fica também o Palácio de Raxoi (prefeitura da cidade) e o Hostal dos Reis Católicos, um edifício lindo e que foi mandado construir pelos próprios Reis Católicos para dar hospedagem aos milhares de peregrinos. É uma das grandes joias da Rede Nacional de Paradores.
Mosteiro de São Martinho Pinário
Construído em 1102, o Mosteiro de São Martinho Pinário passou por diversas restaurações e reformas ao longo dos anos, e hoje apresenta uma arquitetura com influências neoclássicas, renascentistas e barrocas. Aproveite para conhecer também a Universidade de Santiago de Compostela, o Arquivo Histórico Diocesano e o Instituto Teológico Compostelano, que ficam no mesmo edifício — tours guiadas são as mais recomendadas, para você conhecer a fundo a história do local.
Museu do Povo Galego
Conheça a história da sociedade galega tradicional neste museu fundado em 1977, com uma mostra permanente distribuída entre alguns espaços, dentre eles “O Mar”, “O Campo”, “Os Ofícios”, “Música”, “Traje”, “Habitat” e “Arquitetura e Sociedade”. Há ainda um setor específico para receber exposições itinerantes, auditório, biblioteca e um arquivo gráfico e sonoro.
Cidade da Cultura da Galiza
Programe-se para conferir exposições, concertos, projetos culturais entre outros eventos neste espaço arquitetônico esplendoroso assinado por Peter Eisenman, construído no topo do Monte Gaia. No mesmo complexo há ainda uma biblioteca e o Museu da Galícia — uma boa maneira de apreciar a cultura local e ainda, de quebra, ter a melhor vista da região. Confira a programação para ver o que vai rolar por lá durante a sua viagem e não deixe de incluir esta atração em seu roteiro.
Mercado de Abastos de Santiago
O Mercado de Abastos é a segunda atração mais visitada em Santiago de Compostela, perdendo só para a Catedral. Isso porque além de poder comprar diversas iguarias tradicionais da região, o turista ainda se deliciará com a gastronomia local no Abastos 2.0, localizado na parte externa do histórico edifício. Aberto de segunda a sábado, das 7h às 15h.
Convento de São Domingos de Bonaval
Não deixe de conferir de pertinho a arquitetura deste convento, construído no século XIII e marcado pelos estilos gótico, barroco e neoclássico. Aproveite para tirar muitas fotos da fachada principal, com o escudo dos condes de Altamira e da tripla escada helicoidal, assinada pelo arquiteto Domingo de Andrade.
Parque de Bonaval
Aproveite o passeio até o convento para visitar também o Parque Bonaval, onde o edifício foi construído. A área verde, muito frequentada não só por turistas, como também por moradores, é o local ideal para avistar o pôr do sol, que se despede do dia entre os telhados das casas e torres da Catedral de Santiago de Compostela.
Alameda Park – As Duas Marias
No coração de Santiago de Compostela está o Parque Alameda (Alameda Park), com mais de 90 espécies de plantas, espalhadas por seus jardins bem cuidados. Neste local, o que mais chama a atenção dos turistas é a estátua “As Duas Marias”, localizada logo na entrada, representando as famosas irmãs perseguidas por suas opiniões políticas durante a Guerra Civil Espanhola. Ambas se vestiam com roupas coloridas e passeavam em silêncio pelo parque todos os dias às 14h, para protestar contra a repressão daquela época.
Museu Pilgrimage e Santiago
Peregrinos que percorrem o caminho de Santiago não podem deixar de conhecer este museu, para entender melhor toda a história e tradição da rota mais famosa da Europa, através de representações iconográficas. A entrada é gratuita aos sábados depois das 14h30 e também durante o dia todo aos domingos.
Centro Galego de Arte Contemporânea
Com um acervo permanente formado por mais de 400 peças de diversos segmentos, o Centro Galego de Arte Contemporânea tem como intuito facilitar o acesso do público à cultura, através de exposições musicais, artes cênicas, cinema e pintura. A estrutura do edifício conta com um auditório, biblioteca, cafeteria, salas administrativas e um espaço exclusivo para abrigar exposições e eventos temporários. Aberto todos os dias das 11h às 20h, com entrada gratuita.
Colegiada de Santa Maria de Sar
No interior desta igreja de arquitetura romântica, localizada às margens do rio Sar, está o Museu de Arte Sacra de Santa Maria a Real de Sar, que narra a vida da comunidade monástica daquela região. Anteriormente, o edifício serviu como mosteiro da Ordem de Santo Agostinho, e a visita vale não só pela sua história, mas também por sua arquitetura única.
Convento de São Paio de Antealtares
Este edifício histórico, construído no ano de 830 na Praça da Quintana (uma das mais antigas da cidade), já serviu como mosteiro, como igreja, e hoje abriga uma comunidade de freiras bentas de clausura. Não deixe de observar os pequenos detalhes de sua arquitetura, como a fachada da Via Sacra e da Portada dos Carros. É de cair o queixo!
Arco de Mazarelos
O Arco de Mazarelos, situado na praça homônima, é a única entrada medieval ainda existente em Santiago de Compostela, construída em granito junto com as outras extintas entradas: Porta da Pena, Camiño (Caminho Francês), Mámoa, Porta Faxeira, Trinidade (ou A Mahía) e a Porta de Sofrades. Sua estrutura foi mantida e adaptada a evolução arquitetônica de seu entorno, sendo um marco histórico muito visitado na cidade.
Praza da Quintana
Incluir a agitada Praça da Quintana (Praza da Quintana) em seu roteiro é praticamente uma obrigação, já que por lá estão os principais pontos turísticos da cidade. É também o local onde turistas e moradores apreciam a movimentação tomando uma deliciosa bebida quente em um dos muitos cafés da região. Você não vai querer perder, não é mesmo?
Pazo de San Lourenzo de Trasouto
O edifício construído em 1216 para servir como templo religioso também já foi moradia dos condes de Altamira, e atualmente funciona como um restaurante e espaço para eventos. Passear pelo jardim deste Patrimônio Artístico Nacional e apreciar a sua arquitetura (que mais parece uma obra de arte) é como voltar ao tempo!
Praza de Cervantes
A Praça de Cervantes (Praza de Cervantes), que já foi chamada de Fórum no século XII por ser um ponto de reunião entre os munícipes e o prefeito, também abriga diversos pontos turísticos populares, como o museu Casa de la Troya, a Igreja de San Martiño Pinario e o convento de San Francisco. Alguns barzinhos e lojas também estão dispostos em seu entorno — um convite irrecusável para bater perna durante uma tarde.
Os caminhos de Santiago
O Caminho de Santiago é formado por um conjunto de rotas situadas na Europa. Existem inúmeras possibilidades, muitas rotas de peregrinação que vão até Santiago de Compostela. Não há um ponto de partida único, apenas alguns inícios “clássicos”, convencionados, aquela cidade onde a maioria dos peregrinos começa a caminhar.
Os peregrinos que percorrem pelo menos 100 km a pé ou 200 km de bicicleta têm direito a ganhar a Compostela, um certificado dizendo que você fez o Caminho de Santiago.
A rota mais popular e com mais estrutura para receber os caminhantes é o Caminho Francês. O início clássico é em Saint-Jean-Pied-de-Port, na França. São quase 800 km até Santiago de Compostela, que podem ser percorridos em pouco mais de 30 dias.
Caminho francês
É a rota mais popular e com mais estrutura para receber os caminhantes. Em termos gerais, quando as pessoas falam sobre o Caminho de Santiago, estão se referindo a esta rota.
Início clássico: Saint-Jean-Pied-de-Port (França)
Início alternativo: Roncesvalles (Espanha) – entre Sain-Jean e Roncesvalles, existe a Serra do Pirineus, uma exuberante cadeia de montanhas entre a França e a Espanha. Por ser um trajeto bastante exigente fisicamente (e não recomendado em caso de mau tempo), muitos peregrinos decidem começar em Roncesvalles.
Distância até Santiago de Compostela: 800 km
Média de dias de caminhada: entre 28 e 35 dias (ver a página ‘Em quantos dias se faz o Caminho’)
Principais (maiores e/ou mais conhecidas) cidades do Caminho: Pamplona, Logroño, Burgos, León, Ponferrada, Santiago de Compostela.
Estrutura: excelente. Grande oferta de albergues e locais para comer. Além disso, é uma rota muito bem sinalizada.
A concentração é maior nos meses de verão (junho a agosto), principalmente nos últimos 100 km da rota.
Neste período, talvez seja difícil encontrar vagas em alguns albergues, pois além de existirem muitas pessoas caminhando, algumas já reservam os albergues com antecedência. Você não precisa necessariamente fazer reservas (falarei mais adiante sobre isso em ‘onde dormir’). Esteja consciente do risco e, se ao longo do Caminho isso se tornar um problema, você poderá reservar os albergues durante o próprio Caminho (assim você já conhecerá também o seu ritmo de caminhada – quantos quilômetros em média você caminha por dia). Mantenha a calma e seja flexível para parar de caminhar um pouco mais cedo nesta época ou para ir até a próxima cidade caso necessário. Nos outros meses do ano, existem menos pessoas caminhando e normalmente sobram vagas nos albergues.
Caminho do norte
Caminho que acompanha a costa norte da Espanha e encontra o Caminho Francês na cidade de Arzúa. Menos popular e com menos estrutura do que o último, mas também bastante utilizado. É um pouco mais longo que o Francês e possui mais trechos de subida e descida, ou seja, exige um pouco mais fisicamente.
Início clássico: Irún (Espanha)
Início alternativo: Hendaye (na França, ao lado de Irún)
Distância até Santiago de Compostela: 850 km
Média de dias de caminhada: entre 30 e 38 dias (ver a página ‘Em quantos dias se faz o Camihno’).
Principais (maiores e/ou mais conhecidas) cidades do Caminho: Irún, San Sebastián, Bilbao, Santander e Gijón
Estrutura: boa, mas não tanto quanto o Caminho Francês. Bem marcada e com albergues, mas fique atento, pois às vezes as distâncias entre eles podem ser maiores (às vezes mais de 30 km). Além disso, muitos albergues fecham fora da temporada (mais ou menos entre outubro e março).
Caminho português
Caminho que começa em Portugal e vai até Santiago de Compostela. Depois do Caminho Francês, esta é a segunda rota mais popular. É uma das rotas mais planas, uma boa opção para quem quer evitar trechos com fortes subidas e descidas. Por ser mais curta, permite que o peregrino faça a rota completa em menos tempo.
Início clássico: Porto (Portugal)
Início alternativo: Lisboa (Portugal – rota aumenta para 600 km/~25 dias)
Início alternativo 2: Tui (Espanha, fronteira Portugal – rota diminui para 120 km/~6 dias)
Distância até Santiago de Compostela: 230 km
Média de dias de caminhada: 7 a 11 dias
Estrutura: boa. Bem sinalizada e com disponibilidade de albergues. A partir de Tui existem marcos de concreto, indicando a distância até Santiago de Compostela. Entre Lisboa e Porto, não há albergues para peregrinos como os que existem na Espanha. As pessoas dormem nos Bombeiros Voluntários, em Pousadas da Juventude ou em Casas Paroquiais.
Caminho finisterra – muxía
Finisterre ou Finisterra significa ‘fim da terra / fim do mundo’ em latim. Por se o ponto mais a leste da Europa, era considerado antigamente como o fim do mundo. Depois de chegar em Santiago de Compostela, vários peregrinos continuam suas jornadas até Finisterre e/ou Muxía, cidades localizadas na costa.
Alguns peregrinos, ao chegarem ao Farol de Finisterra, queimam alguns de seus pertences (roupas, calçado, ou algo significativo), como forma de desapego, purificação e renovação.
Se você não tiver mais tempo ou vontade de caminhar, você pode ir de ônibus até Finisterra e fazer uma pequena caminhada até o Farol. A sensação de terminar a peregrinação no mar é indescritível, traz muita leveza e uma sensação de ‘fim’, pois literalmente você pode mais seguir caminhando na direção leste. Então vale a pena ir até o Farol e, se possível, contemplar o pôr-do-sol no local.
Algumas pessoas caminham somente até Finisterra, outros seguem de lá para Muxía (ou vice-versa) e outros ainda fazem o trajeto de ida e volta: Santiago – Finisterra – Muxía – Santiago.
Início clássico: Santiago de Compostela (Espanha)
Distância Santiago – Finisterra: 90 km
Média de dias de caminhada: 3 a 4 dias
Distância Santiago-Finisterra-Muxía: 120 km
Média de dias de caminhada: 4 a 7 dias
De Muxía/Finisterra você pode, ainda, voltar caminhando até Santiago de Compostela (mais uns 90 km).
Estrutura: boa. Bem sinalizada e com disponibilidade de albergues.