DestaqueEsportes

Secretaria de Estado da Mulher lança movimento #ELAPODE na semana do Dia Internacional do Surf

Campanha de enfrentamento à violência contra mulher no esporte tem apoio de surfistas profissionais

A Secretaria de Estado da Mulher (SEM-RJ) lança, nesta quarta-feira (21), em parceria com a Secretaria de Esporte e Lazer, o movimento #ELAPODE, de enfrentamento à violência contra a mulher no esporte. Na semana em que o estado do Rio de Janeiro recebe a etapa do campeonato mundial de surf em Saquerema e se comemora o Dia Internacional do Surf, modalidade que teve recentemente episódios lamentáveis de violência contra a mulher, a campanha convida atletas, praticantes de surf e de outras modalidades de esporte e a população fluminense a criar uma onda nas redes sociais para exigir respeito e reafirmar o direito de as mulheres estarem onde elas quiserem, jogando bola, fazendo gol, surfando, narrando futebol, apitando jogo, torcendo nas arquibancadas, e sem sofrerem assédio ou agressões físicas e verbais.

– Vamos fazer uma onda gigante contra a violência que atinge as mulheres no esporte. A Secretaria da Mulher tem canais e centros especializados para acolher e apoiar mulheres vítimas de assédio e outros tipos de violência. O movimento #ELAPODE quer estender essas ações para ambiente esportivo, incluindo os estádios – diz a secretária de Estado da Mulher, Heloisa Aguiar.

O movimento #ELAPODE convida atletas, esportistas e a população a postar um vídeo ou uma foto com uma mensagem e a hashtag da campanha, marcando o Instagram da SEM-RJ (@secmulherrj). Essas mensagens serão difundidas pelo Brasil e o mundo. A multicampeã de surf Andrea Lopes e a campeã de longboard Rayane Amaral, ambas atletas profissionais, participam do movimento e contam que já sofreram agressões verbais dentro da água.

– Quando comecei a surfar, poucas mulheres praticavam o esporte, e a bandeira do respeito sempre foi muito importante para que eu continuasse com a prática. Atualmente, o surf atrai mais meninas e precisamos seguir reafirmando o nosso espaço para as sufistas terem tranquilidade e segurança no mar e na areia – diz Andrea Lopes, uma das pioneiras no surf profissional no Brasil, primeira brasileira a vencer uma etapa do Circuito Mundial WSL, feito conquistado no Rio de Janeiro em 1999, e dona de uma escola de surf na Barra da Tijuca.

Ex-surfista profissional de longboard, Marcela Carrocino conta que a filha de 14 anos foi agredida quando surfava na Barra:

–  Ela foi empurrada em uma onda por um homem acima dos 50 anos e ficou assustada, não quer mais entrar na água desacompanhada e quase perdeu o interesse pelo surf. Nenhum tipo de violência deve acontecer, nem física nem verbal. Isso vai contra a essência do surf. O mar é de todos, e o respeito deve prevalecer – diz Marcela, que hoje é gestora e head coach da Lahui Escola de Canoa Havaiana.

A superintendente de Enfrentamento à Violência contra a Mulher da SEM-RJ, a delegada Tatiana Queiroz, é surfista e relata que o surf vem se tornando um espaço hostil para as mulheres, o que precisa ser combatido:

– A Secretaria de Estado da Mulher está iniciando esta semana o movimento #ELAPODE, contra a violência no esporte. Essa violência se configura de duas maneiras: assédio moral ou sexual, estupro, injúria entre treinadores e meninas que praticam esporte; e a violência contra as mulheres na prática esportiva. No surf, temos vivenciado essas agressões praticadas por homens contra meninas dentro e fora da água. Não se cale. Se você for agredida, relate para alguém e, em casos mais graves, procure a polícia e faça um registro de ocorrência – alerta Tatiana Queiroz.

Para o secretário de Estado de Esporte e Lazer, Rafael Picciani, o esporte possui muitas formas de colaborar com a sociedade:

– Uma delas é demonstrando a igualdade entre gêneros e a importância do respeito ao próximo. O ambiente do surf tem se mostrado altamente eficaz para esse fundamento, pois acolhe jovens, adultos, pessoas mais experientes, pessoas com deficiência e muito especialmente mulheres, o que demonstra que a sociedade precisa aprender com os bons exemplos que o esporte vem trazer. E nós sempre defenderemos esportes livres de preconceito ou qualquer tipo de agressão.

Aplicativo Rede Mulher
Criado pelo Governo do Estado e desenvolvido pela Polícia Militar para socorrer vítimas de violência, o app Rede Mulher tem o botão de emergência que permite contato eletrônico com o 190. No aplicativo, a mulher também pode ser redirecionada para o site da Polícia Civil para fazer um registro de ocorrência on-line. Outra funcionalidade é o modo camuflado, que, quando acionado, muda de aparência e só pode ser acessado por login e senha. Há também um passo a passo de como solicitar um pedido de medida protetiva e uma lista com os centros especializados de atendimento à mulher. Outro ícone importante é o Guardiões, uma rede de apoio com contato de até três pessoas que possam socorrer a vítima em uma situação de emergência.

Dossiê Mulher 2022
A 17ª edição do Dossiê Mulher 2022, divulgado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), mostra que a cada cinco minutos uma mulher foi vítima de algum tipo de violência no estado do Rio de Janeiro, totalizando 78.318 registros nas delegacias de polícia. Além disso, mais de 18 mil registros de ocorrência relataram mais de uma forma de violência, seja ela ocasional, constante e até simultânea. As formas de violências que mais ocorreram de forma simultânea foram: a violência moral e a psicológica (36% do total de violências múltiplas), a violência física e a psicológica (22,8%) e a violência física e a moral (13,8%).

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo