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Comissão da Alerj discute avanço da violência na Zona Norte com moradores e forças de segurança

A Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), realizou audiência pública na terça-feira (02) para debater o avanço da violência em bairros da Zona Norte da capital fluminense. Entre os principais problemas apontados durante o debate estão, por exemplo, o crescimento exponencial do número de roubos de veículos na área de Rocha Miranda e o aumento na quantidade de barricadas para impedir a entrada da polícia em comunidades como Quitungo e Cinco Bocas (Complexo de Israel), ambas em Brás de Pina, entre outras situações que têm gerado forte sensação de insegurança dos moradores dessa região da cidade do Rio.

Comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), de Rocha Miranda, o tenente-coronel Bruno Xavier disse que há evidências de aumento de roubo de veículos e que a falta de registro de ocorrência dificulta a análise criminal. “Temos realmente uma situação de roubo de veículos, e, além disso, enfrentamos um problema nos Complexos do Fubá e do Campinho, onde temos feito monitoramento para sanar isso. Intensificamos o patrulhamento e percebemos que muitas pessoas ainda não fazem o registro de ocorrência, o que não nos permite traçar uma real mancha criminal, e também focamos nas abordagens e no trabalho de inteligência”, apontou o comandante, contando que o batalhão bateu recorde em apreensões de fuzis, chegando a 25 armas desse tipo retiradas das ruas.

Já o tenente-coronel Lourival do Nascimento, comandante do 16º BPM, disse que desde que assumiu o batalhão, em fevereiro deste ano, percebeu um aumento das barricadas, principalmente no Quitungo e Cinco Bocas. “De imediato, começamos várias ações para remover essas barricadas. Já conseguimos, até o último fim de semana, retirar mais de 200 toneladas em barricadas”, comentou.

Titular do 1º Departamento de Polícia de Área (DPA), Gabriel Ferrando pontuou agravantes sobre a colocação de barricadas em áreas do tráfico. “Eu acho que é uma estratégia da criminalidade tornar aquela uma região conflagrada e evitar o policiamento ordinário”, pontuou o delegado.

“Este é um debate muito importante. Momento em que as autoridades e a população podem falar, ouvir, debater, dialogar, convergir ou divergir. Nesta primeira audiência, os problemas são expostos e vamos acompanhar agora os desdobramentos das ações para que esses problemas sejam sanados”, disse o deputado Márcio Gualberto (PL), presidente da comissão da Alerj, acrescentando que várias ações policiais ocorreram em Jacarepaguá após audiência pública anterior a essa na qual se discutiu o problema da violência na região. “Espero que isso se repita agora na Zona Norte”, concluiu, referindo-se a bairros como Brás de Pina, Cordovil, Penha e adjacências.

Para a deputada Martha Rocha (PDT), os números e estatísticas apresentados não resolvem o problema. “O que está acontecendo em Brás de Pina é a questão ostensiva do aumento da presença do Complexo de Israel nas ruas. Eu posso repassar aqui onde estão os traficantes com radinho e fuzil. O problema de Brás de Pina não se resolve apenas com a redução do roubo de carga e veículo. Hoje, eles colocam barricadas nas ruas de maior circulação”, disse a parlamentar, que revelou ainda ter recebido denúncias de moradores relatando invasões de casas para ponto de monitoramento do tráfico e também de igrejas no local.

Relato dos moradores

O advogado André Rio, morador da Zona Norte, apontou agravantes na sensação de segurança da população. “A população da região está sofrendo com o avanço da comunidade para o asfalto. Antes, a violência se concentrava dentro das áreas ditas zonas vermelhas. Hoje em dia é muito comum em ruas residenciais terem barricadas”, contou, observando que isso tem afastado moradores e impactado diretamente o comércio local e depreciado o valor dos imóveis.

O deputado Rodrigo Amorim (PTB) fez questão de pontuar a ausência dos secretários estaduais de Polícia Civil e de Polícia Militar. “Muito meritório eles estarem numa reunião tratando da Segurança Pública, aliás é obrigação dos secretários fazerem isso. Mas essa reunião deles poderia ter sido marcada um dia antes ou um dia depois da nossa audiência”, lamentou o parlamentar.

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