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Maqua flagra golfinhos ameaçados de extinção na Baía da Ilha Grande, em Paraty

O Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores (Maqua), da Uerj, divulgou imagens raríssimas de toninhas, uma espécie de golfinhos ameaçada de extinção. Os registros foram feitos na Baía da Ilha Grande, em Paraty, na Costa Verde do Rio de Janeiro.

“Esta é a espécie de golfinhos mais ameaçada de extinção da costa do Brasil. É um golfinho pequeno, passa só um pouquinho de 1,50 m, chega a no máximo 1,70 m. É bem discreto, não gosta de acompanhar embarcações”, explica José Laílson, oceanógrafo e coordenador do Maqua.

A toninha é uma espécie de bico comprido conhecida por nadar em águas rasas, em grupos pequenos. É um animal tímido, que pouco se expõe a qualquer tentativa de aproximação, ao contrário do golfinho cinza, que gosta de se exibir. Por conta desse hábito mais discreto, a espécie também é conhecida como o “golfinho invisível”.

Segundo José Laílson, a espécie já é vista na Baía da Ilha Grande, em Angra dos Reis e Paraty, há cerca de 20 anos, mas, até então, não havia confirmação de que as toninhas permaneciam naquela área de forma definitiva.

“Nós temos registros da espécie para a região de Angra e Paraty, desde o início dos anos 2.000. Só que existia uma dúvida se esses animais apenas passavam pela região ou se eles se utilizam o tempo todo dessa área”.

Em 2017, o Maqua deu início a um projeto para tentar confirmar a presença constante das toninhas na Baía da Ilha Grande. Este ano, o trabalho foi enfim recompensado.

Em uma expedição realizada no mês de novembro, um grupo de pesquisadores do Maqua conseguiu confirmar a presença da espécie com frequência naquela região. Os registros “em dias consecutivos” foram feitos durante buscas de barco e através de voos com drones.

“Nós começamos a ter um projeto bem grande de 2017 pra cá. Começamos a encontrar vários indícios da presença mais constante da espécie [na região]. A gente foi juntando esse quebra-cabeça, até que, na semana passada, a gente fez esse fechamento. Apostamos em uma expedição pra tentar acha-las [as toninhas] e verificar se realmente elas utilizam a área como a gente estava achando. Nessa expedição de barco, conseguimos encontrá-las. Na sequência, fizemos uns voos de drone, confirmando a presença delas em dias consecutivos”, relembrou José Laílson.

Importância para preservação da espécie

O coordenador do Laboratório de Mamíferos Aquáticos da Uerj explica que a incidência dos golfinhos se dá na Estação Ecológica de Tamoios, uma Unidade de Conservação federal de proteção integral, criada em 1990.

Conforme descrito pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o objetivo da criação da ESEC Tamoios é “preservar o riquíssimo ecossistema insular e marinho da Baía da Ilha Grande, bem como permitir o monitoramento de sua qualidade ambiental”.

“É um achado muito importante, porque é uma espécie muito ameaçada e está nesta zona muito costeirinha de Angra e Paraty. Fica muito próximo à costa, ela [a espécie] está na área de influência, na área da própria Estação Ecológica de Tamoios, que é uma coisa importante. Ou seja, são animais que utilizam essa área próximo às ilhas que são protegidas. A manutenção da Esec Tamoios é muito importante pra preservação desta espécie na região”, esclarece José Laílson.

Agora, o Laboratório Maqua pretende dar continuidade ao projeto de monitoramento das toninhas na Baía da Ilha Grande, para reforçar a preservação da espécie de golfinhos naquela área.

“A gente está continuando esse esforço agora. Esses meses todos vamos fazer mais voos, vai ter embarcação na água, fazendo esse esforço direcionado para a espécie. Porque, pelo que a gente está vendo, ela usa uma área bem grande, que pode ir desde a Baía da Ribeira até quase Paraty. Ela é muito pequena, discreta e é difícil observá-la. Então, tem que ter um projeto direcionado. A gente trabalha com outros cetáceos, outros golfinhos e baleias da Baía da Ilha Grande, mas ela [espécie toninha] requer uma atenção especial por esse hábito de estar muito próximo às ilhas, praias, em águas mais rasas, por nadar em grupos pequenos também. É de difícil observação”, conclui o coordenador do Maqua.

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