O Governo do Estado deu início à reforma geral do Edifício Multiuso do Estado, localizado no complexo de favelas Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, na Zona Sul do Rio. O projeto de recuperação do equipamento público é do Programa Cidade Integrada e conta com o investimento de R$ 15 milhões para que a Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (EMOP-RJ) reforme inicialmente as áreas internas da edificação, restabeleça uma série de serviços públicos gratuitos e oportunidades turísticas no equipamento.
– A recuperação desse prédio público é um triunfo do Estado para fortalecer o complexo do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo e a população. Ali já concentramos a base do Programa Cidade Integrada, o Centro de Referência da Juventude (CRJ), uma Faetec, além de disponibilizar gratuitamente atendimentos sociais, esportes, educação, cultura e lazer. Essa reforma também ampliará as oportunidades para frequentadores e turistas do Brasil e do exterior – destacou o governador do Estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro.
Espaços recuperados, serviços em funcionamento e mais elevadores
Ao fim de todas as etapas, as intervenções trarão mais quatro elevadores, um Restaurante Escola da Faetec, além de uma Biblioteca Parque, um Núcleo de Atendimento ao Cidadão (NAC), o Museu de Favela do Cantagalo (MUF), uma área administrativa da Polícia Militar do Rio de Janeiro (batalhão) com o uso de elevadores exclusivos, uma feira de artesanato para mulheres produtoras locais, intervenções urbanísticas do “Caminho da Arte”, uma interligação dentro do complexo de favelas com grafites e padronização até o prédio do elevador Panorâmico do Pavão-Pavãozinho e um espaço exclusivo para projetos da Secretaria de Estado da Mulher.
Também está prevista a reforma da subestação de energia do prédio, dos banheiros do térreo, da área do entorno da piscina pública, dos vestiários, a reforma do foyer (Cantina da Riva), recuperação de dois elevadores, de espaços utilizados por projetos culturais e esportivos como Harmonicanto e da portaria de acesso. As novidades vão impactar diretamente o cotidiano dos mais de 31 mil moradores das comunidades e das mais de mil pessoas que utilizam o prédio público diariamente, de 7h até às 20h.
– Estamos iniciando uma parte fundamental das obras aqui no complexo do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo. Esse prédio é uma grande referência de serviços do Governo do Estado. Ao longo de mais de um ano a nossa equipe de arquitetos e de técnicos sociais fez um diagnóstico, não somente dos espaços, mas também dos serviços, para ver o que acontecia no prédio e a partir daí fizemos projetos para todas as áreas. Fico muito contente por isso estar acontecendo – afirmou a coordenadora do Programa Cidade Integrada, Ruth Jurberg.
O trabalho será feito em parceria com a Emop-RJ, que ficará responsável pela execução da transformação do local e com apoio das secretarias e instituições que vão operar os serviços no equipamento público estadual. A previsão é de que a primeira etapa das intervenções seja concluída até o fim deste ano.
Rony Silva, diretor de manutenção da EMOP-RJ, destacou a importância da recuperação dos elevadores do prédio, afinal as filas faziam as pessoas aguardarem até 40 minutos para sair do térreo do prédio até o hall principal.
– Toda obra do prédio nós começamos pela parte dos elevadores, que na verdade são um meio de transporte da comunidade. Quando nós chegamos aqui, existiam dois elevadores em funcionamento parcial e agora mais dois estão em fase final para operação. O primeiro a funcionar será aberto no final deste mês e o outro está previsto para o final de setembro. Teremos, ainda, mais dois elevadores que serão utilizados tanto pela polícia quanto pela população e alternando em alguns casos – ressaltou o diretor da Emop.
Participação local e valorização da cultura
Ver o começo das intervenções deixou o vice-presidente da Associação de Moradores do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, Sávio Soares, 28 anos, esperançoso. Ao lado da população local, Sávio contribui em todo o trabalho de interação e representatividade local com as equipes de ação social do Programa Cidade Integrada.
– Esse é o nosso sonho e ele está sendo realizado aos poucos. Há muito tempo que a gente não vê uma obra com tanta transparência, com tantos sentimentos positivos da parte do Estado em parceria com a Associação de Moradores, fazendo tudo isso acontecer. Estamos aproveitando a oportunidade de poder adquirir todos esses benefícios para os moradores – disse Sávio Soares.
Testemunha da vocação cultural e turística do prédio do complexo do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, Marcelo Assunção, de 47 anos, é coordenador da academia de dança Stillo. A instituição sem fins lucrativos ensina dança de salão há três décadas no Edifício Multiuso do Estado e, além de tê-lo formado o dançarino, também já revelou expoentes como o coreógrafo Patrick Carvalho, Jandrei Souza, Rosangela Firmino e JC Portinho no território. Para Marcelo, presenciar a retomada do espaço significa uma multiplicação de oportunidades que vão além do ensino e da formação dos moradores.
– O prédio sempre foi modelo de projetos implementados aqui. O compartilhamento desse olhar, de cuidado com a educação, a cultura e a arte sempre nos fez receber muitas pessoas. O prédio está implantado no maciço da Pedra do Cantagalo e tem uma vista, que por um lado você olha Copacabana, por outro você olha Ipanema, tem a vista do Sumaré e a Lagoa. Estamos querendo também fazer disso uma partida, para a gente poder aquecer a economia da comunidade. Uma reforma do prédio contribui e torna isso possível – comentou Marcelo.
Vocação turística
A identificação de oportunidades e prioridades foi feita pelas equipes multidisciplinares que atuam no programa e realizaram um intenso trabalho de mapeamento de iniciativas e organizações já existentes no prédio, potencializando serviços de empreendedorismo, ensino, lazer, apoio à mulher, atendimento à população, entre outras atividades.
Com uma vista deslumbrante para os cartões-postais do Rio de Janeiro, o Edifício Multiuso do Estado permite ver toda a beleza dos bairros de Ipanema, Copacabana e Lagoa, além de uma visão panorâmica de Copacabana até a Pedra da Gávea. Com os espaços realocados, distribuídos por estruturas móveis e paredes envidraçadas, os 1.700 mil m² disponíveis em cada um dos 10 andares ocupados da edificação serão um atrativo pelo conjunto de serviços públicos e oportunidades turísticas para os moradores e visitantes do Rio.
A expectativa do Governo do Estado é que ao fim de todas as etapas, as intervenções dobrem o fluxo atual de pessoas (1 mil) e vire um ponto de referência na região, despertando o interesse turístico para cariocas, brasileiros e estrangeiros.
Segundo a presidente do Museu de Favela do Cantagalo (MUF), Antonia Soares, 72 anos, iniciativas como o “Caminho da Arte” e a futura Feira de Artesanato serão um divisor de águas para a criação de um fluxo próspero e positivo na região.
– A gente espera que, com o espaço preparado, nós possamos ampliar essas atividades que a gente já vem desenvolvendo e, inclusive, na parte turística. Nós já recebemos muitos visitantes, principalmente estrangeiros. Com certeza, tendo um espaço melhor, a gente vai receber muito mais pessoas – apontou Antônia.