CidadesDestaque

Edição virtual da Flip conta com convidados de nome e exerce representatividade

A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) 2020 acontece, de 3 a 6 de dezembro, em formato virtual devido à pandemia de coronavírus, segundo informou a organização do evento. A programação da 18ª edição do evento será composta por mesas transmitidas ao vivo em plataforma própria e nas redes sociais da Festa, além de vídeos gravados, eventos paralelos e programações de parceiros.

Estão confirmadas as presenças de autores internacionais como a britânica Bernardine Evaristo (Londres, 1959 – vencedora do Booker Prize 2019), a colombiana Pilar Quintana (Cali – Colômbia 1972) e o brasileiro Itamar Vieira Junior (Salvador-BA, 1979) para as mesas ao vivo.

“Este é um ano atípico, por isso optamos por este formato. A Flip Virtual contará com uma linguagem própria que respeita o sentido original e o espírito da Festa: ser mais do que um mero evento, estabelecendo uma relação duradoura e permeável com Paraty”, explica Mauro Munhoz, diretor artístico da Flip.

Sem homenageado

Outra alteração para esta edição é que a Flip Virtual deixará de trazer a tradicional figura do autor homenageado.

No final de 2019, o evento já havia anunciado o nome de Elizabeth Bishop como autora homenageada para 2020. A americana seria a primeira estrangeira homenageada desde a criação do evento, em 2003.

“Entendemos que este ano a pandemia causou a morte de artistas imprescindíveis à nossa cultura, como o escritor Sergio Sant’Anna, o compositor e letrista Aldir Blanc, o artista plástico Abraham Palatnik e a regente Naomi Munakata, entre muitos outros.”

“Portanto, este não é um momento de celebração. Assim, não teremos um autor específico em destaque, iremos homenagear coletivamente os que partiram”, destaca Liz.

Conheça os autores e artistas confirmados na Flip Virtual 2020:

Ana Paula Maia (Brasil)

A carioca Ana Paula Maia, que levou o prêmio por melhor livro de romance pela segunda vez consecutiva em um grande prêmio paulistano não deve passar desapercebida pelos leitores que gostam do gênero. Em 2018, a obra que concedeu o prêmio à escritora foi Assim na Terra como Embaixo da Terra, da editora Record. Já em 2020, o mesmo feito foi alcançado graças ao romance Enterre Seus Mortos, publicado pela Companhia das Letras. Ana Paula Maia tem 44 anos e nasceu em Nova Iguaçu, no interior do Rio e, além de escritora, é roteirista. Ela publicou O habitante das falhas subterrâneas, seu primeiro romance em 2003 e, de lá pra cá, não parou mais.

Bernardine Evaristo (Inglaterra)

Bernardine Evaristo, MBE FRSL FRSA, FEA (1959), é uma autora britânica de oito obras de ficção. O seu romance, Menina, Mulher, Outro, ganhou o Prémio Booker em 2019. Foi também um dos 19 livros favoritos de Barack Obama em 2019. Em Junho de 2020, tornou-se a primeira mulher de cor a ocupar o primeiro lugar nas bancas de ficção científica do Reino Unido. Os escritos de Evaristo também incluem ficção curta, drama, poesia, ensaios, críticas literárias e projetos para teatro e rádio. Dois dos seus livros, The Emperor’s Babe (2001) e Hello Mum (2010), foram adaptados para os dramas da Rádio 4 da BBC. Atualmente, é professora catedrática de escrita criativa na Brunel University London e vice-presidente da Royal Society of Literature.

Chigozie Obioma (Nigéria)

O escritor nigeriano Chigozie Obioma foi a primeira presença confirmada na 18ª Flip. Considerado uma das vozes mais interessantes da nova geração da literatura africana, Obioma lançou em 2019 seu segundo livro, Uma Orquestra de Minorias, editado no Brasil pela Globo Livros. O romance, narrado por um espírito ancestral, segue a tradição Igbo, típica da Nigéria natal do escritor. O livro rendeu ao escritor sua segunda indicação ao Man Booker Prize, algo que ele já tinha alcançado com seu romance de estreia de 2015, Os Pescadores, também editado pela Globo Livros. Ao lado de escritores como NoViolet Bulawayo, Chimamanda Ngozi Adichie e Teju Cole, Obioma é visto hoje como uma das principais vozes da literatura africana.

Danez Smith (EUA)

Danez Smith nasceu e vive nos Estados Unidos. Poeta e performer, Smith se identifica como uma pessoa não-binária e prefere usar uma linguagem sem demarcação de gênero. Tem três livros publicados que tratam de temas como raça, gênero e política. Smith também faz parte do coletivo Dark Noise, que reúne alguns dos nomes de vanguarda da poesia nos Estados Unidos, como Fatimah Asghar, Franny Choi, Nate Marshall, Aaron Samuels e Jamila Woods. Em 2020, lançou Não digam que estamos mortos, pela Bazar do Tempo.

Eileen Myles (EUA)

Eileen Myles nasceu e vive nos Estados Unidos. Publicou livros de poesia, jornalismo literário e ficção. Foi bolsista Guggenheim e recebeu o prêmio Shelley da Poetry Society of America e o Lambda Literary Award na categoria ficção lésbica, e foi indicada pela Slate/Whiting Second Novel List. Trabalha com a temática lésbica, “queer” e com questões ligadas à linguagem neutra e identidade de gênero. Em 2019, lançou no Brasil o icônico romance Chelsea Girls, pela editora Todavia.

Elisa Pereira (Brasil)

Elisa Pereira nasceu em Belo Horizonte e vive em Paraty desde 2011. É autora dos livros Memórias da Pele e Sem Fantasia e fundadora do Fuzuê Literário, sarau que promove encontros entre escritores e artistas de Paraty. Em parceria com o selo Off Flip, lançou a Coletânea Fuzuê Literário, de contos, crônicas e poemas, reunindo alguns dos principais nomes da produção literária paratiense.

Fernando e Marcelo Alcantara (Brasil)

Fernando Alcantara e Marcello Alcantara são dois jovens paratienses, músicos cirandeiros e pesquisadores de sua própria história, que se dedicam a resgatar e colocar em evidência a cultura caiçara em suas mais diferentes formas.

Itamar Vieira Junior (Brasil)

Itamar Vieira Junior nasceu e vive em Salvador. Escritor, é também geógrafo e doutor em estudos étnicos e africanos, com pesquisa sobre a formação de comunidades quilombolas no interior do Nordeste brasileiro, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 2018 foi vencedor do Prêmio Leya, de Portugal, com o romance Torto Arado, lançado em 2019, no Brasil, pela editora Todavia.

Jeferson Tenório (Brasil)

Jeferson Tenório nasceu no Rio de Janeiro e vive em Porto Alegre. Escritor, é também doutorando em teoria literária. Estreou na literatura com o romance O beijo na parede, eleito o livro do ano pela Associação Gaúcha de Escritores. Teve textos adaptados para o teatro e contos traduzidos para o inglês e o espanhol. O Avesso da Pele, de 2020, é sua estreia na Companhia das Letras.

Jonathan Safran Foer (EUA)

Jonathan Safran Foer nasceu e vive nos Estados Unidos. Escritor, caminha entre a ficção e a não-ficção, sempre abordando temas atuais, em consonância com as grandes discussões em pauta. Segue uma dieta baseada no vegetarianismo desde os dez anos, e seu livro Comer Animais aborda os problemas associados ao consumo de carne industrializada sob um ponto de vista ético. Em 2020, lançou Nós Somos o Clima, pela editora Rocco.

Jota Mombaça (Brasil)

Jota Mombaça, também conhecida como Monstra Errátik e Mc K-trina, nasceu no Brasil e vive em Portugal. Escritora e artista visual, trabalha em torno das relações entre monstruosidade e humanidade, estudos queer, diáspora negra, violência e resiliência, justiça anticolonial, afrofuturismo e tensões entre arte e política nas produções de conhecimentos do Sul-do-Sul globalizado. Mombaça faz parte de uma geração de artistas ativistas voltados para o debate sobre a descolonização e o racismo através de um cruzamento com as dimensões de classe social e de identidade de gênero. Tem um livro inédito a ser lançado em 2021, pela editora Cobogó.

Lilia Schwarcz (Brasil)

Lilia Moritz Schwarcz nasceu e vive em São Paulo. É professora titular no Departamento de Antropologia da Universidade São Paulo (USP) e Global Scholar na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. É autora de, entre outros livros, O espetáculo das raçasAs barbas do imperadorBrasil: Uma biografia e Lima Barreto: Triste visionário. Em 2019, lançou Sobre o Autoritarismo e, em 2020, A Bailarina da Morte, todos pela Companhia das Letras.

Luz Ribeiro (Brasil)

Luciana Ribeiro, conhecida pelo nome artístico de Luz Ribeiro, nasceu e vive em São Paulo. Para lidar com o racismo e a exclusão, começou a escrever versos sobre seu cotidiano, em papéis que depois queimava. Em 2011 começou a frequentar saraus na periferia da cidade e a participar de slams. Venceu o Slam BR de 2016 e foi uma das organizadoras da edição paulista do Slam das Minas. Em 2013, lançou seu primeiro livro,

Eterno Contínuo, e, em 2017, fez seu segundo lançamento: Estanca e Espanca. Em 2017, representou o Brasil na 11ª edição da Copa do Mundo de Slam, em Paris.

Márcia Kambeba (Brasil)

Marcia Kambeba nasceu em uma aldeia ticuna, onde viveu até os oito anos de idade, quando se mudou com a família para São Paulo de Olivença, no Amazonas. Poeta, performer e pesquisadora, é graduada em Geografia pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), e mestre pela Universidade Federal do Amazonas. Sua poesia mostra semelhanças com a literatura de cordel e reflete a violência contra os povos indígenas e os conflitos trazidos pela vida na cidade. Seu primeiro livro é Ay kakyri Tama – Eu moro na cidade. Em 2020, lançou Saberes da Floresta, que reflete sobre a educação indígena, pela editora Jandaíra.

Nathalia Leal (Brasil)

Nathalia Leal é nascida e criada na zona leste de São Paulo e vive em Paraty. Recentemente, participou da fundação do Slam de Quinta, primeiro encontro de slam da cidade. Em 2019, esteve presente na apresentação do Flip Slam, dirigida por Roberta Estrela D’Alva, parte do Programa Principal, e também em outros encontros de casas parceiras da Flip.

Paul B. Preciado (Espanha)

Paul B. Preciado nasceu na Espanha e atualmente vive em Paris. Escritor, é filósofo, curador e um dos principais pensadores contemporâneos das novas políticas do corpo, gênero e sexualidade. Nascido como Beatriz Preciado, é bolsista Fulbright, mestre em filosofia e teoria de gênero pela New School de Nova York e doutor em filosofia e teoria da arquitetura pela Universidade de Princeton. É autor de Manifesto contrassexualTesto junkie e Pornotopia, todos editados pela n-1. Em 2020, também lançou o livro Um apartamento em Urano, pela Zahar.

Pilar Quintana (Colômbia)

Pilar Quintana nasceu e vive na Colômbia. Escritora, no começo da carreira, trabalhou como roteirista e redatora de publicidade, em Cali. Em 2007, foi eleita uma das 39 vozes de destaque da literatura latino-americana com menos de 39 anos, no Festival Hay de Literatura e Artes, do País de Gales. Em 2020, lançou no Brasil o livro A Cachorra, editado pela Intrínseca, e anunciado na lista estendida do prestigioso National Book Award.

Regina Porter (EUA)

Regina Porter nasceu e vive nos Estados Unidos. Dramaturga premiada, com passagem pelo New York Stage and Film, Porter se formou no Iowa Writer’s Workshop, na Universidade de Iowa, onde foi residente na temporada 2017-2018. Lançado em 2020, Os Viajantes é o seu primeiro romance, editado pela Companhia das Letras.

Rodrigo Ciríaco (Brasil)

Rodrigo Ciríaco nasceu e vive em São Paulo. É escritor, educador e idealizador do projeto “Literatura (é) Possível”, que desde 2006 desenvolve ações de incentivo à leitura, produção escrita e difusão literária em escolas públicas estaduais e municipais, com o “Sarauzim – Sarau dos Mesquiteiros”. Já publicou os livros Te Pego Lá Fora100 Mágoas e Vendo Pó…esia, este último editado pela Nós.

Stephanie Borges (Brasil)

Stephanie Borges nasceu e vive no Rio de Janeiro. Escritora e jornalista de formação, também traduziu prosa e poesia de autores como Audre Lorde, bell hooks, Jacqueline Woodson, Claudia Rankine e Margaret Atwood. Seu livro de estreia Talvez precisemos de um nome para isso, de 2019, venceu a categoria poesia do IV Prêmio Cepe Nacional de Literatura.

 

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo