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Consagrado escritor, Euclides Cunha uniu ciência à arte

O escritor nascido em Cantagalo, na Região Serrana do Rio, Euclides da Cunha completaria 155 anos de nascimento na quarta-feira (20). Ele foi um importante escritor modernista brasileiro, que atuou também como professor, filósofo, historiador, sociólogo, jornalista, engenheiro e geógrafo. Famoso por sua Obra literária “Os Sertões”,  Euclides foi Patrono da cadeira n.º 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL), eleito em 1903.

Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo (RJ), no dia 20 de janeiro de 1866, na Fazenda Saudade. Sua mãe, Eudósia Alves Moreira da Cunha, faleceu quando ele tinha apenas 3 anos. Assim, ele foi criado por tios e avós e chegou a morar em Teresópolis, São Fidélis e Rio de Janeiro.

Aos 19 anos, Euclides ingressou na Escola Politécnica onde cursou um ano de Engenharia Civil. Mais tarde, ele ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha sendo expulso. Forma-se em Engenharia Militar, bacharelando-se também em Matemática e Ciências Físicas e Naturais (1890 a 1892).

Ao afastar-se do exército, muda-se para São Paulo, e passa a colaborar com o jornal O Estado de São Paulo. Nesse momento, é convidado como jornalista a cobrir o conflito de Canudos, no interior da Bahia, em 1897.

Após cinco anos, publica sua obra mais conhecida “Os Sertões” (1902), um relato histórico-ficcional sobre o Arraial de Canudos e a destruição de seu povo. No ano seguinte, ele foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).

Trabalhou durante alguns anos como engenheiro civil até o momento que decide voltar para o Rio de Janeiro. Ali, ele presta concurso para a cadeira de Lógica do Colégio Pedro II, em 1909.

No dia 15 de agosto de 1909, com 43 anos, Euclides da Cunha falece no Rio de Janeiro. Ele foi assassinado pelo suposto amante de sua esposa.

Os Sertões

Sua obra mais importante, publicada em 1902, “Os Sertões”, narra os acontecimentos da guerra de canudos (1896-1897), no interior da Bahia, liderada por Antônio Conselheiro (1830-1897).

O autor, ex-oficial do Exército e engenheiro, escrevia para o jornal O Estado de S. Paulo, e foi para a Bahia reportar o que acontecia na Guerra de Canudos (que durou entre novembro de 1896 a outubro de 1897). Euclides esteve na região entre 10 de setembro e 3 de outubro (23 dias) e publicou suas impressões no jornal como Diário de Uma Expedição, a partir das 22 cartas e 55 telegramas escritos. Os trabalhos seriam a inspiração para o livro que seria publicado cinco anos depois, dividido em três partes:  A Terra, O Homem e A Luta.

Euclides se surpreendeu bastante com o que viu e vivenciou. “Aquela campanha lembra um refluxo para o passado. E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo”, escreveu ele logo na nota preliminar. Segundo pesquisadores, diante do que flagrou, ao invés de compilar relatos e se ater a uma versão do governo central, Euclides mergulhou nas histórias dos sertanejos (sob a liderança polêmica do religioso Antônio Conselheiro), nos contextos amplos do cenários e do ambiente da caatinga e buscou as causas do acontecimento. “Ele sempre acreditou no consórcio entre a ciência e a arte”, afirma o professor de literatura brasileira e hispânica na Universidade da Califórnia, Leopoldo Bernucci, em entrevista por videoconferência. “Euclides tinha uma mente extremamente curiosa em um período marcado pelo culto à ciência”.

O livro é considerado uma obra de arte desde a sua publicação. Em 1903, o crítico Araripe Júnior escreveu que não era possível criticar o trabalho. “A emoção por ele produzida neutralizou a função da crítica. E, de fato, ponderando depois calmamente o valor da obra, pareceu-me chegar à conclusão de que Os Sertões são um livro admirável, que encontrará muito poucos, escritos no Brasil, que o emparelhem”. José Veríssimo destacou que o livro revelava “um homem de ciências”, “um homem de pensamento”,  e um “homem de sentimento”. A obra lhe valeu a indicação à Academia Brasileira de Letras, em 1903.

Obras de Euclides da Cunha

Euclides da Cunha escreveu romances, ensaios, artigos. Algumas de suas obras mais relevantes são:

  • A guerra no sertão (1899)
  • As secas do Norte (1900)
  • O Brasil no século XIX (1901)
  • Os Sertões (1902)
  • Civilização (1904)
  • Contrastes e Confrontos (1906)
  • Peru Versus Bolívia (1907)
  • Castro Alves e o Seu Tempo (1908)
  • A Margem da História (1909)

 

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