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Chico Science, o homem que liderou uma renovação na música popular brasileira

Chico Science liderou uma renovação na música popular brasileira, como não acontecia desde o tropicalismo, 30 anos antes. O ‘manguebeat’ foi o primeiro movimento de alcance nacional surgido e difundido no País sem que seus agentes estivessem no Rio de Janeiro ou em São Paulo.

Chico Science (1966-1997), nome artístico de Francisco de Assis França, nasceu na cidade de Olinda, Pernambuco, no dia 13 de março de 1966. Passou sua infância e adolescência no bairro de Rio Doce, onde cata caranguejos no mangue para vender na feira. Era fã da música de James Brown e Kurtis Blow importantes representantes do soul-music e do hip-hop norte-americano. Influenciado pelos passos da dança do cantor Michael Jackson, em 1984, Chico entrou para a Legião Hip-Hop, um dos principais grupos de dança de rua do Recife.

Em 1987 formou seu primeiro grupo musical, o “Orla Oribe”, um conjunto de black music, que acabou antes de completar um ano. Em seguida, criou a banda “Loustal” (em homenagem ao quadrinista francês Jacques de Loustal), que fazia uma mescla do rock dos anos 60 com o soul, o funk e o hip-hop. Em 1991, Chico Science conheceu o grupo afro de percussão de Olinda “Lamento Negro”, que faz um trabalho de educação popular na periferia do Recife, e reúne ritmos folclóricos como o maracatu rural e coco de roda com o samba-regue.

Com a fusão do Loustal e o Lamento Negro surgiu ao grupo “Chico Science e Lamento Negro”, que depois foi batizado com o nome “Chico Science & Nação Zumbi”. A estreia da banda aconteceu em junho de 1991, no espaço Oásis, em Olinda e chamou a atenção da mídia, com uma batida típica, resultado da mistura de ritmos regionais, como o maracatu rural e coco de roda, com o rock, o hip-hop, o funk rock e a música eletrônica. Estava formado um movimento musical denominado “Mangue Beat”, uma alusão ao mangue (ecossistema típico da costa do Nordeste brasileiro), mais a palavra beat (batida).

O Movimento “Mangue beat” se desenvolveu nas cidades do Recife e Olinda, e logo entrou na cena musical do país. Além da mistura dos ritmos, o grupo desenvolveu uma forma própria de exprimir visualmente essa mistura, com o uso do chapéu de palha, típico da cultura pernambucana, o óculos escuro, camisas estampadas, tênis e colares coloridos.

O grupo “Chico Science e & Nação Zumbi”, formado por Chico Science (voz), Lúcio Maia (guitarra), Dengue (baixo), Toca Ogam (percussão e efeitos), Canhoto (caixa) Gira (tambor) Gilmar Bola 8 (tambor) e Jorge Du Peixe (tambor), logo estava excursionando pelo Brasil, Estados Unidos e Europa. Em 1994 lançou seu primeiro disco “Da Lama ao Caos”, onde se destacaram as músicas “A Praieira” e “A Cidade”, que fizeram parte da trilha sonora das novelas Tropicaliente e Irmãos Coragem, respectivamente.

O segundo disco “Afrociberdélia”, de 1996, teve a participação de Gilberto Gil, Marcelo D2 e Fred Zero Quatro. A música “Maracatu Atômico”, canção de Jorge Mautner e Nelson Jacobina, que fez sucesso em 1973, na voz de Gilberto Gil, se transformou em hino do grupo. No auge do sucesso, Chico Science sofreu um acidente de carro quando seguia pela rodovia que liga o Recife à Olinda, no Complexo de Salgadinho.

Foi há 24 anos que uma colisão entre um carro e um poste levou Francisco de Assis França, aos 30 anos de idade. No dia 2 de fevereiro de 1997, horas depois do acidente, o luto apoderou-se do Recife e de Olinda, que já viviam o Carnaval.

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