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Jô Soares morre aos 84 anos em São Paulo

Jô Soares foi um multifacetado artista brasileiro que morreu aos 84 anos em 5 de agosto de 2022, em São Paulo. Jô estava internado desde 28 de julho. Nascido no Rio de Janeiro, José Eugênio Soares em 16 de janeiro de 1938, foi humorista, entrevistador, escritor, ator, dramturgo, colunista, autor, diretor teatral, artista plástico, músico e pintor.

 

Filho único do empresário Orlando Heitor Soares e da dona de casa Mercedes Leal Soares, Jô Soares foi estudar em um colégio interno na Suíça aos 12 anos. Ele ficou por lá até os 17. Foi na Suíça que começou a se interessar por teatro e shows.

Em 1958, Jô estreou na TV. Ele participou do programa “Noite de Gala” e começou a escrever para o “TV Mistério”, que contava com Tônia Carrero e Paulo Autran no elenco. Ambos eram exibidos pela TV Rio. Ainda na emissora, Jô esteve no “Noites Cariocas”. Logo em seguida, ele também atuou e escreveu para humorísticos da TV Continental.

Nos anos 60, Jô roteirizou e atuou no programa “Família Trapo” ao lado Carlos Alberto de Nóbrega e interpretava Gordon, o mordomo, na atração exibida pela na Record. Depois passou pela “Praça da Alegria”.

Na década seguinte, na Globo, estrelou “Faça Amor, Não Faça Guerra”, “Satiricom” e “Planeta dos Homens”, onde se dividiu como ator e redator, além do “Globo Gente”. Nessas atrações lançou uma série de personagens marcantes como Zezinho, Reizinho, Capitão Gay e Zé da Galera de um total de mais de 300 personagens.

Só em 1981, Jô ganhou seu programa próprio, o “Viva o Gordo”, exibido até 1987. Um ano depois, migrou para o SBT, onde lançou um programa inspirado em talk shows americanos: o “Jô Soares Onze e Meia”, que se tornou sensação.

No SBT também conduziu o “Veja o Gordo”. O humorista retornou à Globo nos anos 2000, à frente do “Programa do Jô”, que ficou no ar até 2016.

Paralelo aos trabalhos na TV, o apresentador também foi autor de alguns artigos de revistas e jornais tais como “Veja”, “Manchete” e “Folha de S. Paulo”, atuou em 22 filmes, como “O homem do Sputnik”.

Ainda na TV passou pelas extintas Rio e Continental, e teve quadros no “Fantástico” e “Jornal da Globo”. Autor de uma autobiografia, dividida em dois volumes, lançou livros como “O Xangô de Baker Street” e “O homem que matou Getúlio Vargas”.

Passou ainda pelo teatro, como autor ou diretor, com espetáculos como “Viva o gordo e abaixo o regime!” e “Na mira do Gordo”. Ganhou aproximadamente 20 Troféus Imprensa.

 

A ex-mulher de Jô, Flávia Pedras, anunciou a morte nas redes sociais e a informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do Sírio-Libanês. “Viva você, meu Bitiko, Bolota, Miudeza, Bichinho, Porcaria, Gorducho. Você é orgulho pra todo mundo que compartilhou de alguma forma a vida com você. Agradeço aos senhores Tempo e Espaço, por terem me dado a sorte de deixar nossas vidas se cruzarem. Obrigada pelas risadas de dar asma, por nossas casas do meu jeito, pelas viagens aos lugares mais chiques e mais mequetrefes, pela quantidade de filmes, que você achava uma sorte eu não lembrar pra ver de novo, e pela quantidade indecente de sorvete que a gente tomou assistindo”, escreveu.

Jô Soares foi casado com Teresa Austregésilo, de 1959 a 1979; com Silvia Bandeira, de 1980 a 1983; e com Flávia Pedras, de 1987 a 1998. Jô e Teresa tiveram um filho, Rafael Soares, que nasceu em 1964. Rafael era autista e morreu em 2014, aos 50 anos.

 

Ícone do humor

José Eugênio Soares, o Jô Soares, nasceu no dia 16 de janeiro de 1938, no Rio. O humor sempre foi sua marca registrada em todas as atividades, seja no teatro, na TV, no cinema, e na literatura. Jô se destacou por ser um dos principais comediantes do Brasil e é considerado um dos pioneiros do stand-up. O veterano participou de atrações que fizeram parte da história da televisão, como “A família Trapo” (1966), “Planeta dos homens” (1977) e “Viva o Gordo” (1981).

 

O veterano também fez participações no “Grande Teatro Tupi”, da TV Tupi, ao lado de nomes como Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Sérgio Britto e Aldo de Maia. Em 1960, Jô se mudou para São Paulo e começou a trabalhar na TV Record, onde escreveu várias atrações, como “La reuve chic”, “Jô show”, “Praça da alegria”, “Quadra de azes, “Show do dia 7” e “Você é o detetive”.

“A família trapo”, exibido entre 1967 e 1971, exibida aos domingos, foi o grande destaque desta época. Jô começou apenas escrevendo o roteiro, ao lado de Carlos Alberto de Nóbrega, mas depois ganhou um papel na atração: o mordomo Gordon. O elenco contava ainda com nomes como Otelo Zeloni, Renata Fronzi, Ricardo Corte Real, Cidinha Campos e Ronald Golias.

O artista deixou a “Família Trapo” um ano antes de seu fim, em 1970, e assinou contrato com a TV Globo, onde ficou por 17 anos. Sua estreia foi no programa “Faça Humor, Não Faça Guerra”, como roteirista. Em 1973, trabalhou em “Satiricom”. Em 1977, se dividiu entre as funções de ator e redator no programa “O Planeta dos Homens”, que ficou no ar até 1982. No entanto, Jô deixou a atração um ano antes para se dedicar ao projeto de “Viva o Gordo”.

Em 1987, seu contrato com a TV Globo chegou ao fim e o artista estreou no SBT com o programa “Jô Soares Onze e Meia”, que ficou no ar por 11 anos e rendeu mais de seis mil entrevistas. Ele voltou para a TV Globo no ano 2000, quando estreou o “Programa do Jô”, que ficou no ar até 2016.

Além da TV, Jô Soares escreveu para os jornais “O Globo”, “Folha de S. Paulo” e para a revista “Manchete”. Ele também assinou, entre 1989 e 1996, um coluna na “Veja”. O veterano também escreveu cinco livros: “O astronauta sem regime” (1983), “O Xangô de Baker Street” (1995), “O homem que matou Getúlio Vargas” (1998), “Assassinatos na Academia Brasileira de Letras” (2005) e “As esganadas” (2011).

No teatro, Jô ficou conhecido por seus monólogos marcados pelo tom crítico e com sátiras da vida cotidiana e política do Brasil. Os principais foram: “Ame um gordo antes que acabe” (1976), “Viva o gordo e abaixo o regime!” (1978), “Um gordoidão no país da inflação” (1983), “O gordo ao vivo” (1988), “Um gordo em concerto” (1994) e “Na mira do gordo” (2007).

Como ator, participou de “Auto da compadecida” e “Oscar” (1961). Já como diretor, trabalhou em “Soraia, Posto 2” (1960), “Os sete gatinhos” (1961), “Romeu e Julieta” (1969), “Frankenstein” (2002), “Ricardo III” (2006).

 

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