Paraíso de águas cristalinas, Bonito une natureza e aventura
Os encantos naturais sem igual tornam Bonito, no Mato Grosso do Sul (MS), um dos destinos favoritos de quem busca o ecoturismo nacional, se consagrando como um dos melhores destinos para o mergulho fluvial do país. Na nascente cristalina do Rio Baía Bonita, que forma o Aquário Natural, ou no Rio Sucuri, de leve correnteza, o visitante pode nadar lado a lado com diversas espécies de peixes coloridos.
É uma típica “viagem família”, mas isso não quer dizer que o destino não tenha muita aventura – há passeios de botes em corredeiras, boia-cross, mergulho com cilindro e até rapel no incrível Abismo Anhumas, uma das maiores cavernas submersas do país.
Bonito seria uma pacata cidadezinha do interior se, em meados dos anos 70, o peão de uma fazenda não tivesse descoberto um buraco no chão. Dentro do buraco de 72 metros de profundidade – batizado de abismo Anhumas – havia um imenso lago de águas cristalinas tomado por estalactites. Aos poucos, o tal buraco, a encantadora gruta da Lagoa Azul, as cachoeiras e os rios incrivelmente transparentes e repletos de peixes coloridos ganharam fama e infraestrutura turística, tornando a região, na década de 90, uma espécie de Disney ecológica.
A preocupação com o meio ambiente é levada a sério. Por questões ambientais, os passeios que levam a cachoeiras, grutas, trilhas e nascentes são obrigatoriamente acompanhados por guias locais credenciados.
Polo do ecoturismo no Brasil, Bonito recebeu em 2013 o prêmio de melhor destino de turismo responsável do mundo, o World Responsible Tourism Awards, na Feira World Travel Market, em Londres. O município conta com cerca de 40 atrativos, que possibilitam aos visitantes várias opções de atividades. Os interessados em contemplar as belezas da região podem, por exemplo, visitar as grutas e tomar banho em cachoeiras e rios de águas cristalinas.
Tanta beleza e organização, no caso, têm seu preço: ao planejar a viagem, leve em conta que os principais passeios custam caro (em alguns casos, os valores incluem guias, equipamentos para as flutuações e até almoço).
QUANDO IR
Dá para ir para Bonito o ano inteiro, mas a época de seca, entre junho e agosto, é a melhor para as flutuações – aproveite para acompanhar a programação do Festival de Inverno, em julho.
Entre dezembro e janeiro, durante as férias escolares de verão, as cachoeiras ficam mais volumosas, mas a procura pelos passeios é enorme e as chuvas podem deixar as águas turvas.
SE PLANEJE
Para aproveitar as atrações ao máximo, é preciso ter planejamento. Primeira dica: monte uma programação diária, e compre as entradas para os passeios com antecedência – muitas atrações limitam o número de visitantes. Os vouchers para quase todas as atrações são vendidos exclusivamente nas agências de turismo da cidade, recomendadas pelos hotéis ou com atendimento online. Os preços são tabelados, e os pacotes geralmente incluem almoço, lanche e equipamentos.
Os preços publicados nas atrações não levam em conta o valor dos traslados, que devem ser negociados com as agências (quem chega de carro encontra facilmente os lugares, já que tudo é sinalizado).
ATRAÇÕES
Paraíso dos aventureiros, Bonito reserva espaço também para quem quer apenas contemplar os santuários. Para esta turma há cavalgadas e passeios de bicicleta. E, por mais que a água seja fria, não há como se esquivar da flutuação, uma espécie de mergulho livre. Equipado com máscara, snorkel, roupas e botas de neoprene, basta soltar o corpo que a correnteza e a natureza se encarregam do resto: apresentar as magníficas e coloridas flora e fauna dos rios, que por tanto tempo ficaram isoladas pelo anonimato.
Os passeios de Bonito podem ser divididos em algumas categorias. Nas flutuações, atrações máximas da cidade, a correnteza te leva por águas cristalinas, enquanto cardumes de diversas espécies nadam ao seu lado. As do Rio da Prata, do Rio Sucuri e do Aquário Natural são destaque; na Nascente Azul, o visual é exuberante e o passeio inclui outras atrações do balneário. A flutuação da Barra do Sucuri também é uma opção.
Entre as grutas, os destaques são a Gruta do Lago Azul, com um lago de um tom azul mágico, quase irreal e as Grutas de São Miguel, cujo passeio começa em uma trilha suspensa e segue gruta adentro, cheia de estalactites, estalagmites e outras formações geológicas.
A Boca da Onça é a cachoeira mais alta do estado, com 156 metros de altura, mas a trilha ecológica da Boca da Onça, com 4 km, passa por outras dez quedas. Outras opções são o Parque das Cachoeiras, com seis cachoeiras e a Estância Mimosa, com sete paradas para banho, três das quais são divididas com o Parque das Cachoeiras.
Das atrações de aventura, o Abismo Anhumas é a mais radical: primeiro, é preciso passar por uma estreita fenda no chão e descer de rapel por 72 metros de altura, até um lago cristalino. Lá, é possível flutuar ou mergulhar com cilindro (para mergulhadores certificados) e observar os enormes cones de calcário submersos. Outros bons passeios para quem quer adrenalina são os mergulhos na Lagoa Misteriosa (que também oferece flutuação) e o boia cross e o arvorismo do Hotel Cabanas. O passeio de arvorismo é um circuito de 300 metros de extensão, chegando a até 15 metros do chão. Vários obstáculos e 2 tirolesas, sendo que a última é caindo no Rio Formoso.
Bonito (e a vizinha Jardim) ainda reserva os balneários do Sol e Municipal, a Praia da Figueira e o Buraco das Araras, dolina de 126 metros de profundidade com incontáveis ninhos de araras-vermelhas.
Os passeios de quadriciclo podem ser realizados em veículos individuais ou duplos. O passeio leva em torno de uma hora, onde se percorre uma trilha cheia de obstáculos. É um passeio divertido e há duas opções em Bonito: Rota Zagaia e Trilha Boiadeira. O segundo é mais “radical” e tem opção de passeio noturno, que dá um adicional de adrenalina no passeio.
O passeio no Buraco das Araras é bem contemplativo. Você faz uma caminhada de 970 metros ao redor de uma formação geológica e, durante o percurso, vai fazendo paradas em mirantes.
Um dos atrativos que mais chama atenção ali é uma lagoa linda de água esverdeada, que fica no buraco da formação geológica. O lugar é rodeado por uma natureza incrível e no lago vivem jacarés, tatus, cutias, lobos e mais de 150 espécies de aves. Prepare-se para avistar muitos tucanos e araras por ali.
GASTRONOMIA
Os peixes mais famosos do Pantanal, como piraputanga, pacu, pintado e dourado, estão presentes na maioria dos cardápios da cidade. Vale prová-los na Casa do João, que serve diversos pratos regionais, como a traíra frita acompanhada de salada, arroz e pirão, e tem uma lojinha com souvenires e artesanatos.
A porção farta de pacu na brasa do Juanita também é famosa. Além disso, o local é bom para quem quiser provar a carne de jacaré, servida ainda como recheio de pastel no Pastel Bonito.
Na lanchonete Vício da Gula, a carne de jacaré e outros ingredientes regionais como a guavira e o jaracatiá são transformados em sucos, sanduíches e bombons. Já o restaurante Sale & Pepe funde a culinária pantaneira com as chinesas e japonesas, servindo de peixes a yakissobas e combinados de sushi.
O agito noturno é garantido no Taboa Bar, que já é um símbolo da cidade. Andréa Fontoura, a proprietária, compra cachaça de produtores locais e fabrica infusões com frutas e especiarias. O bar também oferece música ao vivo.