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Rio assume luta contra a Tuberculose

Engajados na luta contra o novo coronavírus, cidades fluminense continuam enfrentando outro inimigo: a tuberculose (TB), doença infecciosa que mais mata no mundo.  A incidência da doença no estado do Rio de Janeiro é aproximadamente duas vezes superior à do Brasil. Reeleito presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o deputado André Ceciliano afirmou, em transmissão ao vivo nas redes sociais do Parlamento, que em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) busca medidas para erradicar a doença no estado.

“No fim do ano passado fizemos o repasse de R$ 20 milhões à Fiocruz, para enfrentar a covid nas áreas mais necessitadas. Agora estamos conversando com a Fiocruz para fazer um plano em médio e longo prazo, para erradicar a tuberculose no estado. É um problema gravíssimo, uma doença altamente contagiosa, e temos visto muitos casos em algumas regiões”.

A tuberculose (TB) matou 1,2 milhão de pessoas e outras 10 milhões adquiriram a doença em todo o mundo, em 2019. Os dados são do Relatório Global da Tuberculose 2020 (nome original em inglês Global Tuberculosis Report)  lançado em outubro pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Além disso, segundo estimativas, outras três milhões não foram diagnosticadas com a doença ou não tiveram a notificação comunicada às autoridades de saúde.

No Brasil, em 2019, foram registrados 73.864 mil casos novos da doença. A taxa de mortalidade caiu cerca de 8% na última década. Foram 4.881 mortes em 2008, contra 4.490 em 2018. Em tempos de pandemia do novo coronavírus, a tuberculose, se não for tratada adequadamente, pode ser uma causa de agravamento de um quadro de infecção pela covid-19.

Apesar de ter cura, é justamente o abandono do tratamento o principal motivo para a tuberculose ainda continuar causando mortes no país. O tratamento oferecido no Sistema Único de Saúde (SUS) dura, em média, seis meses. Apesar da melhora dos sintomas já nas primeiras semanas após início, a cura só é garantida ao final da terapia.

Em 2018, foram notificados no SINAN 12.520 casos novos de TB em residentes no estado do Rio de Janeiro, o que representa cerca de 80% dos casos de TB, a Região Serrana foi a maior regional com proporção de casos novos, com 90,08% (n = 336). A Região Metropolitana I, que abriga grande parte da carga de TB do estado, com proporção de 79,62% (n = 9409).

Capital da tuberculose

A cidade do Rio de Janeiro é a capital de estado do Brasil que apresentou o maior número de casos novos de tuberculose em 2019 (6.293 casos novos; 93,7 casos por 100 mil habitantes). Somado a isso, temos elevada carga de tuberculose resistente no município, correspondendo a 15,5% de todos os casos de TB resistente do Brasil em 2019.

A tuberculose resistente se torna mais preocupante pelo fato de que a bactéria causadora da TB pode evoluir para formas resistentes aos medicamentos para o tratamento da TB, que variam desde uma monorresistência (apenas um medicamento), a uma multirresistência (TB-MDR) e até mesmo uma resistência extensiva (TB-XDR), tornando-se uma doença com cada vez menos possibilidade de tratamento e elevadas chances de transmissão de bactérias resistentes.

Em Bangu, na Zona Oeste, o número de casos é o maior da capital. Foram 723 casos pra cada 100 mil moradores. Em 2020, até junho já foram registrados 355 casos. Muitos dos casos são com presos no Complexo Penitenciário de Gericinó.

A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) disse que tem um sanatório penal para tratar dos internos com doenças infecciosas. E que, desde o ano passado, faz ações para prevenir e acompanhar os presos com tuberculose.

O tratamento para tuberculose oferecido pelo SUS (Sistema Único de Saúde), feito a base de antibióticos de primeira linha, dura pelo menos seis meses. Em casos mais graves, quando há resistência aos medicamentos, pode levar até dois anos. A pneumologista Margareth Dalcomo, da Fiocruz, explica que o tratamento de tuberculose no Rio de Janeiro deveria ser referência no assunto, inclusive no SUS. Porém, segundo ela, o quadro é dramático.

“É um tratamento com fornecimento governamental, tratamento gratuito, portanto isso se alia ainda com um diagnóstico muito rápido. Hoje o diagnóstico molecular está acessível na rede do SUS, portanto nada justifica que nós tenhamos um panorama epidemiológico tão dramático”, avaliou.

Desde 2010, vem sendo desenvolvida política de descentralização para realização de cultura, pelo Ogawa-Kudoh, método padrão para diagnóstico da tuberculose, em diversos municípios da Baixada Fluminense, interior e demais do estado. Com isto, atualmente, os municípios de: Duque de Caxias, Itaguaí, Itaboraí, Itaguaí, Niterói, Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, São Gonçalo, São João de Meriti, Saquarema e Volta Redonda, já desenvolvem cultura.

Política Estadual de Controle e Eliminação da Tuberculose

A preocupação com o número de casos, levou a sanção da Lei nº 8.746 de 09 de Março de 2020, que institui uma Política Estadual de Controle e Eliminação da Tuberculose. Derivado do projeto de lei 580/19, da deputada Martha Rocha (PDT), que foi aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), em fevereiro de 2020, a lei tem objetivo de reduzir a mortalidade e a transmissão da doença e, além de promover a participação social na formulação de políticas públicas.

A tuberculose

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a tuberculose é uma das dez maiores causas de morte no mundo, com cerca de 10 milhões de novos casos notificados por ano, levando mais de um milhão de pessoas a óbito. É uma doença infecto-contagiosa causada pela micobactéria chamada Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK). A micobactéria pode infectar vários órgãos como pulmão, sistema nervoso, pleura, ossos e intestino.

A transmissão da tuberculose acontece de pessoa para pessoa, de forma direta, consequentemente lugares fechados com aglomeração de indivíduos são o principal meio de transmissão. Ao falar, tossir ou espirrar, a pessoa com tuberculose lança gotas pequenas de saliva que contém a bactéria. Alguns fatores de risco para que a micobactéria se multiplique e se desenvolva rapidamente são a desnutrição, diabetes, uso de drogas e tabagismo.

O tratamento da doença consiste basicamente no uso de antibióticos, com duração de seis meses, realizado diariamente através da ingestão de comprimidos. Mesmo quando tratada de forma adequada, a tuberculose pode retornar caso aconteça queda da imunidade em algum momento da vida. Para a prevenção da tuberculose existe a vacina BCG, aplicada durante a  infância.

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