
Senhoras e senhores, não se iludam. O que acontece com aposentados e pensionistas nesse país não é um “descuido administrativo”, nem um “problema de convênio”. É roubo mesmo. Com todas as letras. E o pior: com carimbo oficial, aval de silêncio cúmplice e um empurra-empurra institucional que envergonharia até os mais desavergonhados.
Estamos falando de milhões de brasileiros que, depois de uma vida inteira de trabalho, veem o valor suado de suas aposentadorias escorrer por um ralo chamado “desconto em folha para entidade de classe” — entidade essa da qual nunca ouviram falar, muito menos se filiaram.
E quando se queixam? O INSS responde com a velha desculpa de sempre: “Só descontamos o que foi autorizado”. Ora, autorizado por quem, cara-pálida? Qual documento? Qual assinatura? Cadê a digital do velho, a anuência da viúva, o “sim” do aposentado?
A verdade, meus amigos, é que o sistema foi montado não para proteger o beneficiário, mas para blindar o golpista. Quando o aposentado vai reclamar, descobre que o caminho para reaver os valores indevidamente cobrados é uma via-crúcis de processos judiciais, atendimentos burocráticos e portas fechadas. Uma “loteria” onde o prêmio é receber de volta o que já era seu.
E o governo? Lava as mãos. Não cria mecanismos eficazes para conferir a veracidade das autorizações de desconto. Não impõe punições duras às entidades picaretas. Não levanta a bunda da cadeira para defender os que mais precisam — porque aposentado não rende voto, não faz dancinha no TikTok, nem paga jantar de campanha.
Agora me diga: por que será que é tão difícil ressarcir os aposentados roubados? Porque reconhecer o erro implicaria assumir a falência moral e administrativa do sistema. Seria admitir que o Estado serviu de instrumento para a rapinagem. E porque, para muitos, o aposentado é apenas um número a menos na folha do mês que vem.
Mas aposentado não é estatística. É gente. É memória. É história viva. E, nesse caso, vítima de um golpe que não é só financeiro — é um escárnio à dignidade.
Está na hora de parar de tratar esse escândalo com eufemismo técnico. O que temos aqui não são descontos indevidos. São assaltos com autorização eletrônica. E o que falta para corrigir isso não é recurso, é vergonha.