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Bibi Ferreira, diva do musical brasileiro

Com uma carreira profissional que se estendeu por quase 80 anos, Bibi Ferreira (1922-2019) foi uma atriz, diretora e cantora brasileira, estrela de peças teatrais e de musicais de destaque no teatro brasileiro, como Gota D’Água e Piaf – A Vida de Uma Estrela.

Abigail Izquierdo Ferreira, conhecida como Bibi Ferreira, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 1 de junho de 1922. Filha do ator Procópio Ferreira e da bailarina espanhola Aída Izquierdo, com pouco mais de 20 dias de vida, apareceu em cena no colo da madrinha Abigail Maia, na peça Manhãs de Sol, para substituir uma boneca cenográfica.

Filha do ator Procópio Ferreira e da bailarina argentina Aída Izquierdo, Bibi estava predestinada pelo pai à carreira artística. Após a separação de seus pais, Bibi Ferreira viajou com a companhia de bailados espanhóis da família materna. Aos 3 anos, dançou em Santiago do Chile. Bailava, tocava violino e cantava – falando espanhol, a primeira língua que aprendeu. Foi com a mãe para a Espanha e se apresentava cantando “Zarzuelas”, na Companhia Velasco de teatro de Revista, ficando conhecida como “La niña de Velasco”.

Com 7 anos, Bibi Ferreira retornou ao Brasil e começou os estudos na escola de dança do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, onde estudou com Maria Olenewa. Começou logo a se apresentar na Companhia Procópio Ferreira, na época, uma das mais importantes do país.

Carreira Profissional

Por volta de 1936, com 14 anos, Bibi Ferreira começou a conquistar seu lugar no mundo artístico ao participar do filme “Cidade Mulher” de Humberto Mauro, produzido e estrelado por Carmem Santos. Em 1941, protagonizou a peça “La Locandiera” de Carlo Goldoni, vivendo “Mirandolina”.

Em 1942, Bibi Ferreira monta sua companhia e circula pelo Brasil. Pioneira, foi uma das primeiras mulheres a dirigir peças de teatro no Brasil. Na década de 50, brilhou em Portugal, onde estrelou várias peças, entre elas, “Há Horas Felizes” (1957), “Com o Amor Não se Brinca” (1958) e “Tudo Na Lua” (1959). Em sua companhia passaram nomes como Cacilda Becker, Maria Della Costa, Henriette Morineau, Sérgio Cardoso e Nydia Licia.

Na década de 60, Bibi Ferreira estrelou os musicais “Minha Querida Dama” e “Alô Dolly”, tornando referência no teatro musical no Brasil. Foi uma das responsáveis por inaugurar a TV Excelsior. No canal, apresentou o programa “Brasil 60”, onde entrevistou grandes personalidades, como Tom Jobim, Brigitte Bardot e Alain Delon. A atração foi renovada por mais alguns anos.

Na década de 70, Bibi Ferreira dirigiu “Brasileiro, Profissão: Esperança” de Paulo Pontes e Oduvaldo Vianna Filho, que foi um marco em sua carreira. Estrelou “O Homem de La Mancha”, ao lado de Paulo Autran e Grande Otelo. Teve destaque também pela interpretação de Joana em “Gota D’Água”, espetáculo de Chico Buarque e Paulo Pontes, com quem foi casada. A obra politizada mostrava a preocupação com as questões sociais. Bibi, inclusive, lutou para que os artistas tivessem a profissão reconhecida e pudessem adquirir direitos como a aposentadoria.

Na década de 80, Bibi Ferreira dirigiu “Toalhas Quentes”, “Um Rubi no Umbigo” e “Calúnia”. Produziu e dirigiu “O Melhor dos Pecados”, promovendo a volta aos palcos de Dulcineia de Moraes, após 20 anos de ausência. Em 1983, depois de cinco anos, voltou aos palcos com “Piaf – A Vida de Uma Estrela”, quando interpretou os sucessos da cantora francesa. Por sua atuação recebeu os prêmios Mambembe e Molière.

Em 1901, em homenagem aos 50 anos de carreira de Bibi, foi gravado o especial “Bibi in Concert”, no teatro João Caetano no Rio de Janeiro. O grande sucesso do especial, levou em 1994 à apresentação do espetáculo “Bibi in Concert 2”. Em 1996, a atriz recebeu o “Prêmio Sharp de Teatro”.

Últimos Anos

Dar voz ao repertório de grandes intérpretes se tornou uma marca na carreira de Bibi, principalmente a partir do ano 2000, a exemplo do show especial que fez em homenagem à portuguesa Amália Rodrigues em “Bibi vive Amália Rodrigues” e “Bibi canta Frank Sinatra”. Em 2007,  Bibi volta aos palcos com sua última peça, a comédia dramática “Às Favas com os Escrúpulos”, de Juca de Oliveira, com direção de Jô Soares.

Em 2013, Bibi se apresentou no Lincon Center, em Nova York, em comemoração aos seus 90 anos de idade. Sempre atuante, com 95 anos fez sua turnê de despedida com o espetáculo “Por Toda Minha Vida”. Em 2018, foi homenageada em “Bibi, Uma Vida em Musicais”, quando foi interpretada por Amanda Acosta.

Sempre preservada em sua vida particular, Bibi foi casada cinco vezes e, com o segundo marido, Armando Carlos Magno, nome artístico de Armando Pinto Martins, teve sua única filha, Teresa Cristina, que nasceu em 1954.

Bibi Ferreira faleceu no Rio de Janeiro, no dia 13 de fevereiro de 2019, vítima de parada cardíaca.

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