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Almirante, a mais alta patente da Rádio na Era de Ouro

O compositor, cantor, radialista, pesquisador da história da música, Henrique Foréis Domingues, apelidado de Almirante, se consagrou na Era de Ouro do Rádio como “a mais alta patente do Rádio”. Pioneiro da música popular no país, começou sua carreira musical em 1928 no grupo amador “Flor do Tempo” formado por alunos do Colégio Batista, do bairro da Tijuca, Rio de Janeiro. Compunham o grupo, além de Almirante (cantor e pandeirista) os violonistas Braguinha (João de Barro) Alvinho e Henrique Brito.

Em 1929 grava o cateretê Anedotas e a embolada Galo Garnizé. Compõe os sambas Mulher Exigente, em 1929, Batente e Macumba em Mangueira, em 1930. Com Homero Dornelas compõe o samba Na Pavuna (1930); com João de Barro a marcha Lataria (1930); e com Puruca e Canuto o samba Já Não Posso Mais (1931).

Grava Moreninha da Praia (1933), de João de Barro; o samba O Orvalho Vem Caindo (1934), de Noel Rosa e Kid Pepe; Tarzan, o Filho do Alfaiate (1936), de Noel; História do Brasil (1934) e Hino do Carnaval Brasileiro (1939), de Lamartine Babo; Dobradiça (1934), frevo de Nelson Ferreira; Que Barulho É Esse e Vou Me Casar no Uruguai (1935), de Gadé e Valfrido Silva; Vou Cair no Frevo (1935), de Capiba; as marchas Deixa a Lua Sossegada (1935), Yes, Nós Temos Banana e o paso doble Touradas em Madri (1938), de João de Barro e Alberto Ribeiro; Faustina e Olha o Grude Formado (1937), de Gadé; Apanhei um Resfriado (1937), de Leonel Azevedo e Sá Róris; Boneca de Piche (1938) em dueto com Carmen Miranda, de Ary Barroso, Luis Iglesias e Luis Peixoto; Tudo em P, de Jorge Nóbrega e Angelo Delatre; e a mazurca Vida Marvada (1938), parceria com Lucio Mendonça de Azevedo. Em duo com Jararaca (coautor com Vicente Paiva), lança a marcha Mamãe Eu Quero, em 1937. É parceiro de Noel Rosa em A Melhor do Planeta, gravada por Aracy de Almeida em 1955; de João de Barro, em Azulão (1933); e de Valdo de Abreu, em Bambo de Bambu (s.d.), versão da embolada de Donga e Patrício Teixeira.

Contracena com Carmen Miranda nos filmes Estudantes (1935) e Banana da Terra (1938). Atua nos filmes Alô, Alô, Brasil (1935), dirigido por Wallace Downey, e Alô, Alô Carnaval (1936), dirigido por Adhemar Gonzaga e roteirizado por João de Barro e Alberto Ribeiro. Dubla personagens dos desenhos Branca de Neve (1937), Pinóquio (1940) e Dumbo (1941), produzidos por Walt Disney.

É contratado como cantor do Programa Casé, em 1932. Em 1935 produz o quadro Curiosidades Musicais. A partir de 1936, dedica-se quase exclusivamente à produção radiofônica. Lança em 1938 o programa de auditório Caixa de Perguntas e em 1940 Instantâneos Sonoros do Brasil, com arranjos do maestro Radamés Gnattali. Na Rádio Tupi produz as séries História do Rio pela Música, em 1941, e Incrível! Fantástico! Extraordinário!, em 1947.

Volta à Rádio Nacional em 1944 e realiza os programas História das Orquestras e dos Músicos Brasileiros e Aquarelas do Brasil. Em 1947 produz O Pessoal da Velha Guarda (Rádio Tupi), com Pixinguinha, Donga, João da Bahiana e Benedito Lacerda. Promove em São Paulo o Festival da Velha Guarda com esses músicos (duas edições: 1954 e 1955), e grava em disco homônimo a chula raiada Patrão, Prenda Seu Gado (1955).

Vítima de um derrame, encerra a carreira de radialista em 1958. Escreve para as colunas Cantinho das Melodias e Pingos de Folclore no jornal O Dia, e, em 1963, a biografia de Noel Rosa. Em 1964, seu acervo pessoal passa a integrar o Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (MIS/RJ), inaugurado em 1965, no qual atua no Conselho de MPB e atende os pesquisadores até o fim da vida.

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