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Operação no Complexo da Penha deixa 8 mortos no Rio

Uma operação policial na comunidade da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha (RJ) deixou ao menos 8 pessoas mortas na sexta-feira (11). A operação ocorre uma semana após o Supremo Tribunal Federal (STF) determinar que o governo do Rio elabore um plano para reduzir a letalidade das operações policiais.

A operação foi realizada pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar (PM) e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). A instituição também afirma que as oito pessoas que foram mortas eram “criminosos” que foram atingidos durante confronto.

Segundo a PRF, a ação na região —que fechou ao menos 17 escolas da rede pública— tem como objetivo prender integrantes de uma quadrilha especializada em roubo de cargas. Até o fechamento desta edição, nenhuma das pessoas que morreu na operação foi identificada.

Sem dar detalhes, a PM afirmou que a ação também busca “conter a ação de criminosos na região, que estariam planejando ataques às forças de segurança que ocupam a comunidade”. “Segundo informações preliminares, oito indivíduos ficaram feridos e não resistiram. Seis fuzis e 3 pistolas foram apreendidos até o momento. A ocorrência está em andamento”, disse a Secretaria de Estado de Polícia Militar, em nota.

 

Alvo é ‘Chico Bento’

De acordo com a PRF, um dos alvos é o traficante Adriano Souza de Freitas. 39, conhecido como Chico Bento, uma das lideranças do CV (Comando Vermelho) no Jacarezinho, comunidade da zona norte que recebeu o programa “Cidade Integrada” do governo do Estado.

O traficante fugiu do Jacarezinho para a Vila Cruzeiro —comunidade famosa por ter sido onde o jogador de futebol Adriano cresceu— após a chegada das forças de segurança, no mês passado. Ainda segundo a PRF, na chegada à comunidade, os agentes se depararam com um “bonde fortemente armado”.

 

STF proibiu operações

Em 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por confirmar a liminar dada em junho do mesmo ano, pelo ministro Edson Fachin, proibindo a realização de operações policiais em favelas do Rio de Janeiro durante a pandemia de covid-19, sob pena de as corporações e o governo serem responsabilizados civil e criminalmente.

Na liminar, Fachin havia dito que as operações policiais nessas localidades só podem ocorrer em hipóteses “absolutamente excepcionais”. Nesses casos, as ações devem ser “devidamente justificadas por escrito” pela autoridade competente com a comunicação imediata ao Ministério Público do Estado do Rio, responsável pelo controle externo da atividade policial.

Na semana passada, o STF determinou que o RJ detalhe as medidas a serem adotadas para reduzir a letalidade policial. Entre as medidas, está a determinação de que o governo fluminense elabore um plano objetivo para conter a letalidade policial, no prazo de 90 dias, e a instalação de equipamentos com GPS e gravação de áudio e vídeo acoplados às fardas dos policiais, no prazo de 180 dias.

“O sistema precisa realmente de uma correção de rumos que proteja a vida e a saúde de todos, ou seja, dos integrantes das comunidades e dos policiais”, disse o presidente do STF, Luiz Fux. “É necessária a intervenção do Judiciário”, afirmou.

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