Único selo internacional de turismo no interior fluminense, a Bandeira Azul, na Praia do Peró, em Cabo Frio, está sob risco. Dois técnicos que eram responsáveis pela coordenação do projeto estão entre os 1.200 integrantes de cargos em comissão, em diversas secretarias, que foram exonerados para contenção de despesas na semana passada. Os técnicos acompanham o programa há anos e, além disso, estavam trabalhando no planejamento de ordenamento do trecho certificado do Peró para receber os banhistas assim que as praias foram liberadas no Estado do Rio.
As exonerações pegaram de surpresa ambientalistas e representantes do turismo que há anos lutam pelo selo internacional para melhorar a qualidade do destino Cabo Frio. Presidente do Conselho de Desenvolvimento do Turismo da Costa do Sol (Condetur) e da Federação de Conventions Bureau do Estado do Rio, Marco Navega pediu o retorno dos técnicos para evitar riscos ao programa:
“Este desmonte causa uma preocupação com a manutenção da Bandeira Azul da Praia do Peró, única certificada no interior do estado do estado. A Federação de C&VB do Estado do RJ está pedindo ao prefeito Adriano a revisão destas dispensas, pois se não tivermos esta reversão, existem sérios riscos de não termos a Bandeira Azul renovada para o próximo verão, colocando um árduo trabalho realizado pela sociedade civil organizada e pelas entidades ambientais e do turismo local, regional e estadual”, apelou Navega.
O ambientalista Ernesto Galiotto, um dos defensores da Bandeira Azul, lamentou a decisão do prefeito e a falta de respostas à sociedade. “A Bandeira Azul é resultado de uma longa luta. O mundo inteiro conhece e respeita este selo. Um título que antes de tudo é uma exaltação à natureza. A atitude da prefeitura deve ser repensada. Depois de ter uma conquista, não se pode jogá-la para escanteio. A Bandeira Azul é importante para Cabo Frio, para o Estado do Rio e para o Brasil”, afirmou o ambientalista, autor do livro “Natureza Intacta e Agredida”.
A renovação da Bandeira Azul foi aprovada, em julho, pelo júri nacional do projeto. O parecer final, contudo, é do júri internacional, que se reúne em outubro, em Copenhague, na Dinamarca. Como normal, o selo tem que ser renovado anualmente para que as cidades não deixem de cumprir os requisitos básicos para terem o selo. Pela primeira vez, o Peró pode conquistar a temporada plena do certificado (de novembro de 2020 a novembro de 2021) porque cumpriu as exigências da coordenação nacional e completou 20 análises de qualidade da água.
Representante dos Amigos do Peró, Machado Silva disse que os ambientalistas exigem o retorno imediato dos coordenadores do projeto Bandeira Azul para que o processo de certificação não sofra solução de continuidade. “Precisamos da renovação do certificado da cobiçada Bandeira Azul, que deve se manter hasteada e tremulando em nosso Peró. Precisamos, indubitavelmente, preservar o turismo de qualidade, tão importante para a nossa querida Cabo Frio”, disse Machado Silva.
Presidente do Cabo Frio Convention Bureau, Maria Inês Oliveiros lamentou a exoneração dos coordenadores do projeto Bandeira Azul. “Fomos pegos de surpresa. Estamos pedindo ao prefeito a volta das pessoas indispensáveis, como os coordenadores do projeto Bandeira Azul, que é importante para Cabo Frio e para a Região dos Lagos. Estamos prevendo um grande afluxo de turistas nos próximos meses e precisamos do bom funcionamento dos nossos serviços turísticos”, apelou Maria Inês.
O Secretário municipal de Meio Ambiente de Cabo Frio, Mário Flávio Moreira, disse que não tem como garantir a volta dos exonerados. Segundo ele, a folha da sua secretaria é “enxuta”, o que leva a crer que os técnicos sejam renomeados. Alegando a legislação eleitoral, a Prefeitura de Cabo Frio tirou do ar todas as informações da sua página oficial nas redes sociais.