
A recente aproximação comercial entre Estados Unidos e China, com a redução mútua de tarifas sobre produtos agrícolas, pode trazer efeitos indiretos ao varejo supermercadista nacional e consequentemente ao consumidor fluminense. A avaliação é da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (ASSERJ), que acompanha com atenção os desdobramentos do novo cenário internacional.
Embora o acordo envolva diretamente apenas os dois gigantes do comércio global, suas implicações atravessam fronteiras e chegam ao Brasil, que se consolidou nos últimos anos como um dos principais fornecedores de alimentos para o mercado chinês. Com a reabertura das portas para os produtos agrícolas norte-americanos, especialistas apontam para uma possível retração da demanda chinesa por commodities brasileiras, como soja, milho, carnes e algodão.
Segundo o presidente da ASSERJ, Fábio Queiróz, o momento exige vigilância e preparo por parte dos supermercados. “Esse tipo de movimento internacional afeta diretamente a formação de preços no mercado interno. Se sobra mais produto no Brasil devido à diminuição das exportações, o varejo pode se beneficiar com uma oferta maior e preços mais competitivos. Mas isso também traz incertezas para os produtores, que podem tentar compensar perdas externas elevando valores internamente”, afirma o executivo.
O consultor econômico da ASSERJ, William Figueiredo, reforça a análise. “Se os Estados Unidos voltarem a ocupar espaço nas exportações para a China, o Brasil tende a ter mais produto disponível no mercado interno, o que pode impactar positivamente os preços para os varejistas locais. Mas esse cenário ainda depende de como o mercado internacional vai reagir à nova política tarifária”, avalia.
Por outro lado, Figueiredo destaca também os riscos. “Caso o Brasil perca competitividade nas exportações, produtores locais podem buscar compensações nos preços internos. Isso pode manter os custos elevados ou instáveis, dificultando o planejamento de compras e a manutenção de preços acessíveis nas prateleiras”, ressalta o consultor.
Com alimentos representando cerca de 65% do faturamento do setor supermercadista — segundo dados da Nielsen Brasil —, os produtos mais sensíveis à oscilação são justamente os de origem agrícola, como carnes, grãos e lácteos. A volatilidade cambial e os reflexos de decisões internacionais são sentidos quase que de forma imediata pelos varejistas.
O presidente da ASSERJ conclui: “Vivemos em um mercado globalizado. Um acordo comercial firmado entre Washington e Pequim pode, sim, afetar o que está nas prateleiras dos supermercados do Rio. Por isso, precisamos estar sempre atentos, buscando equilíbrio entre oferta, demanda e custo-benefício, para garantir competitividade e abastecimento — sem pesar no bolso do consumidor”, finaliza.
Sobre a ASSERJ
Foi com um pequeno número de associados que nasceu a Associação de Supermercados do Rio de Janeiro – ASSERJ, mais precisamente em 1969, um ano após a atividade supermercadista ser definida e regulamentada no País. Criada com o intuito de fortalecer e defender a cadeia supermercadista do Estado, a ASSERJ atendeu bem ao seu objetivo principal. Há mais de cinco décadas representando e defendendo os interesses do setor, a ASSERJ adquiriu know-how no setor supermercadista, oferecendo aos seus associados cursos de aperfeiçoamento, palestras, consultoria e assessoria na área jurídica, gestão, recursos humanos, prevenção de perdas, alimentos seguros e marketing, além de muitas outras atividades relevantes para o setor.
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