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Com técnico… sem presidente

Em novo capítulo da crise política, Ednaldo Rodrigues é afastado da presidência. "Isolada", Seleção monta comissão técnica

Rio de Janeiro, Assunção e Madrid. Em três cidades diferentes, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) viveu, ontem, mais um fatídico episódio da descoordenação administrativa enfrentada nos últimos meses. Na capital carioca, uma decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) afastou, pela segunda vez, Ednaldo Rodrigues da presidência. A notícia veio enquanto o mandatário representava a entidade — e buscava apoio político — no Congresso da Fifa, no Paraguai. Em terras espanholas, a tentativa era de colocar a Seleção em uma bolha durante a crise. Por lá, Rodrigo Caetano e Juan debatem, com Carlo Ancelotti, os rumos da equipe pentacampeã mundial.

O revés da atual administração se encaminhava desde a semana passada, quando a denúncia de uma suposta assinatura falsa de Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes — ex-presidente interino e vice da entidade — colocou em xeque a validade do acordo homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que deu legitimidade ao mandato conquistado por Rodrigues em março de 2022. A suspeita se amplia pelo estado de saúde do cartola. “A capacidade mental do Coronel está em dúvida desde 2018, quando foi diagnosticado como portador de câncer no cérebro”, questiona a decisão, obtida pelo Correio. Além de Nunes, o documento é assinado por Fernando Sarney, Castellar Neto, Rogério Caboclo, Gustavo Feijó, Adriano Aro e o próprio Ednaldo.

Na decisão de ontem, o desembargador Zefiro reforça “a incapacidade mental e a possível falsificação da assinatura de um dos signatários” como principal motivação do afastamento do mandatário da CBF. “A robustez dos indícios trazidos aos autos leva à inarredável conclusão acerca de um fato, até mesmo óbvio: há muito, o Coronel Nunes não tem condições de expressar de forma consciente sua vontade. Seus atos são guiados. Não emanam da sua vontade livre e consciente”, avaliou o magistrado. Autor de uma petição pedindo a queda do atual presidente, o vice Fernando Sarney assume como interventor, com o dever de organizar novas eleições.

A decisão divulgada pelo TJ-RJ rege os rumos da entidade máxima do futebol brasileiro pelas próximas semanas em dois atos: “1 – o afastamento da atual diretoria da CBF; 2 — que o vice-presidente da CBF, Fernando José Sarney, realize a eleição para os cargos diretivos da CBF, na qualidade de interventor, o mais rápido possível, obedecendo-se aos prazos estatutários, ficando a seu cargo, até a posse da diretoria eleita, os poderes inerentes à administração da instituição, dispostos no art.7º do Estatuto da Entidade”, cita o documento.

Em meio aos compromissos no Congresso da Fifa no Paraguai, Ednaldo Rodrigues deu entrevista 20 minutos antes da divulgação da decisão, falou em tranquilidade e reforçou a confiança na assinatura de Coronel Nunes. “Com certeza absoluta, foi o Nunes quem assinou. Foi o diretor jurídico da CBF (quem colheu a assinatura), que tem total autonomia e respaldo. E na presença da esposa, Dona Rosa, e também da filha, que é advogada, o Coronel Nunes assinou com toda a convicção. Isso foi em Belém”, explicou. “Eu me sinto tranquilo. Quem faz as coisas corretas não tem o que temer”, discursou. Ainda ontem, o cartola pediu a anulação da decisão ao STF.

Bolha espanhola

Tarde no Brasil, noite na Espanha. Quando a bomba do afastamento do presidente Ednaldo Rodrigues explodiu nos bastidores da Confederação Brasileira de Futebol, a comissão de executivos da entidade responsável por direcionar os rumos da Seleção Brasileira calculava o avanço dos debates promovidos com Carlo Ancelotti, em Madrid.

Além de fechar a lista de convocados para os jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, contra Equador e Paraguai — cuja divulgação deve ocorrer no domingo —, a missão de Rodrigo Caetano e Juan nos encontros com o técnico italiano visa definir os membros da nova comissão técnica da Seleção.

O grupo deve contar com cinco nomes da confiança do treinador. Filho de Carlo e auxiliar técnico, Davide Ancelotti pode adiar os planos de carreira solo na área técnica para viver o projeto de Copa do Mundo com a Seleção ao lado do pai. Mino Fulco, auxiliar e preparador físico, é genro do comandante e trabalha com ele desde 2013, na primeira passagem pelo Real Madrid. Também envolvido nas decisões do futebol, Francesco Mauri se juntou à equipe durante a missão no Paris Saint-Germain. Analista de desempenho, Simone Montanaro é o mais recente na equipe de Ancelotti, com início em 2018.

Herói do tetra mundial contra a Itália, Taffarel segue na função de preparador de goleiros da equipe que busca pavimentar o caminho rumo ao hexacampeonato em 2026.

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/esportes/2025/05/7148134-com-tecnico-sem-presidente.html

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