Política

‘Arraial precisa ser realmente a cidade que merece’, diz Henrique Melman

O Tribuna dos Municípios realiza uma série de entrevistas com os candidatos a prefeito de Arraial do Cabo. O entrevistado desta edição foi o ex-prefeito Henrique Melman, da coligação “Liberta Arraial”, que reúne as siglas PDT e REDE. Aos 89 anos, veterano político pedetista, que governou a cidade entre 2001 e 2008, aposta na experiência para administrar a prefeitura no próximo mandato e quer ‘um Arraial para o cabista’. Confira!

Tribuna dos Municípios – O que o senhor traz de novo para a cidade de Arraial do Cabo?

Henrique Melman – Não quero falar dos governos atuais porque sabemos bem o menosprezo que eles têm e tiveram pela cidade. Uma coisa prometo: faremos um governo do povo, para o povo e do povo. Todos os novos bairros, que já estão densamente habitados, não tem assistência médica, não tem condução fácil.

TM – Como o sr. analisa o cenário eleitoral deste ano?

HM – Essas eleições não serão fácies. Temos um desafio imenso pela frente: retomar os nossos sonhos. Falo sempre em sonhos, porque apesar da minha idade, nunca vivi apenas o meu tempo, sou visionário e alguém que enxerga o futuro. Arraial do Cabo voltará a ser digno para os cabistas. Desejo um tempo de prosperidade já! Não me igualo aqueles que usam do poder público para enriquecimento próprio e ilícito. Vivo hoje exclusivamente para minha cidade. Para mim o importante é a cidade. Não me interessa falar de outros candidatos. Quero apresentar meus projetos para a cidade.

TM – Quais as áreas que o sr. deve dar prioridade no seu plano de governo?

HM – Com os royalties que nos temos, não tenho que olhar para o passado, mas sim para o futuro. O passado pertence a quem voto em quem exerceu o passado. O que me interessa é poder realizar os meus sonhos que não pude realizar quando fui prefeito, pois não tinha a grande receita que hoje Arraial tem. Novo Arraial, Sábia e Caiçara, por exemplo, não tem nenhuma proteção de Saúde, Escolas. As crianças tem que ir num fim de mundo para poder aprender alguma coisa. As escolas estão nos extremos. Nossa prioridade será Saúde e Educação.

TM – Em relação à Saúde, quais serão as primeiras ações, caso seja eleito?

HM – Primeiro, temos que arrumar o hospital. Precisamos colocar mais um elevador no hospital. Não é viável em um hospital ter um elevador que desce doente, morto e tudo mais, ou não desce ninguém, porque o sistema está enguiçado. Também queremos implantar o projeto ‘Médico na cidade’. Quero contratar 15 médicos, que vão receber de 10 a 15 mil por mês, mas com a obrigação de morar em Arraial. Eu preciso que esses médicos se entrosem com a população. Precisamos de médicos que viva aqui. Médico que vem para dar dez consultas não me interessa a Arraial.

Preciso que o médico se comunique com a população. Que ao sair do consultório seja interpelado por alguém que esteve lá dentro e que se torne mensageiro. Preciso de 15 médicos morando em Arraial porque volta e meia um deles tem problemas e preciso de outro para substituir.

Além disso, quero ter três ambulâncias UTI pelo menos. Isso significa médico 24h. Quero uma no Centro, Monte Alto e Figueira. Vamos ter condições de emergência digna de gente, porque o que vejo nos distritos parece que o povo não é humano. Parece que é o rebotalho. É tudo falsificado, quando se faz uma calçada faz de areia para se desmanchar no caminho. Não coloca água pluvial. É tudo para fazer efeito. Isso não adianta nada.

TM – Não é de hoje que moradores reclamam dos valores das tarifas praticados pela empresa que administra o serviço de transporte na cidade. O sr. tem algum projeto voltado para aliviar o bolso de moradores que dependem de ônibus na cidade?

HM – Precisamos acabar com o absurdo da Salineira, que cobra uma tarifa altíssima. Eu vou colocar transporte gratuito para o cabista. O transporte vai atender todo morador cabista.

TM – Quais as propostas para a Educação?

HM – Temos que arrumar as escolas. Os alunos, quando vão para lá, não podem ir para um inferno de calor. Ele precisar ir para um lugar refrigerado, um bom ambiente. Vamos climatizar todas as escolas. Quero também voltar com as cozinheiras de Arraial. Voltar a fazer a comida nas escolas como fazíamos. Chega de terceirizar a comida. Ela precisa ser comprada e gerida pela Educação.

Informatizar as escolas, voltar os laboratórios, a dança, orquestra. Vamos divulgar nas escolas, selecionar aquilo que interessa a cada grupo de alunos. Vamos focar a educação naquilo que interessa aos alunos.

TM – Os profissionais da Educação também são contemplados em seu plano de governo?

HM – Os salários dos professores são ridículos. Ninguém sobrevive com um salário que a nossa prefeitura paga. Eu quero pagar ao professor aquilo que possa fazer com que ele lecione em uma única escola e ter sua sobrevida garantida por essa escola. Não dá para o professor ficar correndo de uma escola para outra para fazer o seu salário de fome. Também acabou a história de professores indicados. Quando tivermos convocados todos os professores concursados, iremos realizar um concurso local.

Nossos professores precisam ganhar bem, mas também precisam se capacitar. Quero encher as escolas de computadores e os professores precisam saber usar os computadores.

TM – Neste ano vivenciamos diversas demolições de residências em áreas invadidas. O que sr. propõe para mudar a situação dos moradores que não moradia regularizada na cidade?

HM – Vamos arrumar uma forma de titular todas as casas de Figueira em nome de seus respectivos donos. Queremos dar o lugar para os verdadeiros moradores. Que eles não vivam dependendo de alguém que os diga que vai ajudar.

Queremos fazer um bairro popular aos moldes do que São Cristóvão, em Cabo Frio. Com infraestrutura, lotes marcados, meio fio, eletricidade, água. Vamos propor aos moradores de áreas invadidas se querem obter um lote. Vamos dar um lote titulado em seu nome, auxiliar na mudança.

Vocês nunca me verão derrubar casa de ninguém. Caso não tenha algo melhor para dar, não vou mexer com ninguém. Não nasci rico. Nasci de uma família que só pode me dar escola. Se não fosse o governo federal, não conseguiria nem cursar a formação de engenharia.

TM – Arraial, carinhosamente conhecida como Capital do Mergulho, tem um grande potencial Turístico. Quais suas propostas para alavancar ainda mais o setor?

HM – Precisamos ordenar o turismo. Vamos criar três passeios de barco. O que não é difícil nesta maravilha que é Arraial. A pessoa vem hoje faz um passeio de barco, almoça em um restaurante e depois vai embora. Com três passeios, as pessoas ficaram tentadas a dormir um ou dois dias na cidade. Aí eles usam o restaurante, as lojas. Arraial precisa ser realmente a cidade que ela merece.

Precisamos deixar de ser parte de Cabo Frio. Temos que deixar tudo aqui para o cabista usar. Não vai ser tudo que ele precise ter que correr em Cabo Frio. Vamos ter um comércio, uma moeda cabista. Vamos aquecer a economia e estimular o cabista a comprar aqui.

TM – Como o sr. pretende dialogar com a população?

HM – Teremos não só um governo participativo, como também um orçamento. Quem não sabe o que é um orçamento participativo, não é uma criação nossa. É uma criação do PT no Rio Grande do Sul, onde o governo destina uma verba a cada distrito todo ano para que os cidadãos resolvam como vão usar a verba. A população vai aconselhar e a gente vai destinar a verba. No fim do ano, vamos observar se a verba foi empregada e, caso tenha resultado, vamos aumentar o valor. Não tenham dúvida que a cidade é de vocês. Serei apenas o administrador do dinheiro de vocês. A população vai poder vir reclamar e estarei na Prefeitura para atender.

Posso dizer que todo dinheiro do município vai ser do munícipe. O Prefeito não vai ter nada, ele vai abrir a porta da prefeitura para as reivindicações. Faço questão que qualquer bairro que estiver incomodado venha para porta da Prefeitura reclamar. Tinha reuniões semanais no Centro Cultural. Vou voltar a realizar as reuniões abertas ao público. Quem quiser propor, propõe. Quem quiser reclamar vai reclamar. Serão abertas todas as segundas, como fazia na época que era prefeito.

TM – O que os jovens podem esperar do seu governo?

HM – A juventude poderá contar com escolas refrigeradas. Vou criar o clube do estudante cabista, um Parque Público. Quero fazer quadras de esporte, piscina. Os ônibus escolares vão trazer os estudantes para o parque público. Vão poder praticar as modalidades de esportes que quiserem. Vou tirar a lama que está na lagoa, que já foi limpa por mim quando prefeito. Hoje está toda emporcalhada. Ali o jovem vai poder mostrar suas habilidades, depositar sua ansiedade e sentimentos normais para a idade deles. Chegando em casa, eles vão comer e dormir. Não vão perder tempo sentado no meio fio ou até usando drogas. Não vou deixar terem disposição para esses males que assolam a sociedade.

TM – E para a geração de renda e emprego, quais as propostas?

HM – O trabalho é fundamental. Até para pessoa se libertar da Prefeitura, que é o maior empregador da cidade. Tenho ideia de desapropriar a área de Pereira Bastos, espero ter a ajuda da juíza de Arraial. Nesta área, fazer residências, indústrias.

Arraial tem uma área de um milhão de metros quadrados que desapropriei como prefeito que fica logo depois da Avenida Fabio Coiatelli. É uma área de preservação permanente, que está se tornando uma favela permanente. Vou procurar o governador em exercício e tentar criar nesta área um bairro planejado.

Outro ponto importante é que quero um Arraial para o cabista. Taxistas que tenham mais de uns taxis e tenham motoristas empregados, infelizmente, ficaram apenas com os taxis deles. Os taxis são dados a alguém para trabalhar e produzir, não para explorar o homem. Ter dois, três taxis e outros quaisquer sofredores trabalhando pagando R$100, R$80 por dia para ter o direito de entrar no taxi dele. O taxi é para o cabista, mas é o cabista que usa e vive do taxi. Não é para quem tem taxi, dado pelo governo, para ganhar à custa de outros. Não quero taxi com empregado, quero taxi vivendo disso e cabista.

TM – Muitos cabistas tiram das atividades náuticas a sua principal renda. O que o sr. propõe para melhorar as atividades de turismo náutico na cidade?

HM – Aqueles barcos que só tem no nome de cabista. São empregados de gente de fora que arrecadam tudo e levam embora. Esses vão ser desapropriados. A Prefeitura vai entregar esses barcos ao cabista para pagar a prazo de égua e facilitado. Os barcos e o turismo têm que ser do cabista, não explorados por ninguém de fora.

Vice na Chapa, Mazinho Neto quer ‘ajudar a tirar os sonhos do papel’

Aposta de Melman como vice-prefeito, Mazinho Neto revelou que quer usar a gestão pública para mudar vidas. “Arraial precisa de mais gestores e menos políticos. Seja na Saúde, Educação, Geração de Emprego. Meu papel fundamental, caso Henrique seja eleito, é justamente fazer os projetos saírem do papel”, disse.

Cabista nato, Mazinho é gestor público, especialista em Orçamento Público Federal e tem na bagagem grandes participações no Congresso Nacional e na Prefeitura de Duque de Caxias.

TM – Como o sr. acredita que se deu sua escolha para vice na chapa?

Mazinho Neto – Acredito que fui escolhido pela minha formação de gestão pública. Me especializei em orçamento público federal. Fiquei doze anos trabalhando em Brasília na Câmara dos Deputados, justamente com recurso público. Tive experiência de ser subsecretário de Fazenda da terceira maior Prefeitura do Estado, que é Duque Caxias.  Em 2016, quando fui candidato a prefeito foi justamente para levar a mensagem que através da gestão pública podemos mudar a vida das pessoas. Agora, em 2020, com Henrique sendo candidato, vi exatamente tudo àquilo que acredito. Uma administração séria, governo descente e um projeto de cidade.

TM – Na Prefeitura de Arraial, existiram diversos casos dos vices ficarem há pouco tempo alinhado ao titular da chapa com que foi eleito. Qual a possibilidade de isso acontecer na chapa?

MN – Meu papel será de ajudar o governo de forma administrativa. Sou técnico, não político. Através da minha técnica vamos fazer um governo sério. Vou ajudar no dia a dia, em tudo que Arraial precisa para desenvolver. Tenho certeza que vou poder ajudar muito nas decisões, nos projetos e em tudo que o governo precisa executar.

TM – Aos 17 anos, o sr. precisou deixar Arraial em busca de qualificação. Há alguma proposta voltada para a capacitação dos jovens?

MN – Precisei sair de Arraial justamente para procurar uma oportunidade. Arraial não tinha uma faculdade. Na questão de emprego era Turismo ou Prefeitura. Você não tem aqui nenhuma indústria, nenhum segmento que você possa exercer outra função. Arraial precisa de cursos, faculdade, como Henrique quer fazer. Temos aqui o IFF, mas com uma estrutura muito pequena. Temos a capacidade de 1500 alunos, mas o Instituto só tem comporta 500, sendo que somente 15% dos alunos são cabistas. Não é só trazer uma faculdade, precisamos preparar o cabista para ter acesso.

TM – Arraial também precisa capacitar os profissionais do Turismo. Qual a proposta da chapa para qualificar o setor? O sr. cogitou a criação de uma escola de hotelaria?

MN – Temos a certeza que Arraial tem um potencial turístico enorme. Porém, quando você chega à entrada da cidade é abordado por vendedores de passeios de barcos sem preparo, sem nenhuma caracterização. A Prefeitura poderia estar dando curso, organizando, uniformizando todo mundo, qualificando o serviço para o turista. Criando uma escola de hotelaria, que prepare o cabista para receber o turista com qualidade, ensinado até outros idiomas. Para isso, precisa de uma Secretaria de Turismo organizada. Uma secretaria que coloque profissionais na rua qualificados, com uma infraestrutura adequada. Hoje os  Royalties que eram para estar preparando a cidade para o futuro, esta sendo usado para pagamento de folha. É um desperdício e covardia com Arraial do Cabo, que perde a oportunidade de ter uma cidade desenvolvida.

 

 

 

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