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Odete Lara, a Deusa Loura das telas

A morte da atriz Odete Righi Bertoluzzi, mais conhecida como Odete Lara, completa 6 anos nesta quinta-feira (04). Um dos ícones da teledramaturgia brasileira, Odete marcou uma geração por meio de passagens pela televisão e por conta dos mais de 40 filmes de que participou. A artista saiu da periferia de São Paulo para tornar-se a Deusa Loira do cinema brasileiro. Entre os sucessos, Bonitinha, mas ordinária (1963) e Quando o carnaval chegar (1972). A atriz também marcou presença no longa Barra 68 — Sem perder a ternura, de Vladimir Carvalho.

Odete Lara também ganhou projeção nacional por conta das incursões no campo da música. Vinicius de Moraes dividiu o palco com ela no show Skindô. Chico Buarque contou com a presença da artista em Meu refrão e Sérgio Mendes a convidou para cantar no espetáculo Eles e ela.

O último trabalho da atriz foi na Rede Globo, em 1994, quando viveu a personagem Valquíria Mayrink em Pátria minha. Desde então, vivia reclusa. Os motivos que a levaram a largar a jornada artística tinham relação com o budismo, do qual ela era adepta.

Nascida em São Paulo, em 1929, Odete era filha de imigrantes italianos. Por conta do suicídio da mãe, quando tinha apenas 6 anos, teve uma infância conturbada e acabou criada por freiras. O pai repetiu o ato da esposa, alguns anos depois, deixando Odete órfã. O primeiro contato com a televisão se deu por meio da TV Tupi, de Assis Chateaubriand, na qual ela trabalhou como garota propaganda. Acabou participando de novelas e desfrutou entrosamento direto com atores como Tônia Carrero e Paulo Autran. Algumas telenovelas em que atuou nessa emissora foram: As Bruxas, A volta de Beto Rockfeller e Em Busca da Felicidade.

Reconhecida pelos colegas por conta da capacidade cênica, acabou convidada a participar da companhia Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), de Adolfo Celi, primeiro marido de Tônia Carrero. A estreia em filmes viria em 1956 com ‘O Gato de Madame’, ao lado de Mazzaropi, a convite do autor Abílio Pereira de Almeida. A última atuação no cinema se deu no longa-metragem O Princípio do Prazer (1979).

No auge da carreira, tornou-se referência de beleza. Namoradeira assumida, foi casada com Oduvaldo Vianna Filho e com o diretor de cinema Antonio Carlos Fontoura, além de ter tido uma badalada relação com o novelista Euclydes Marinho.

Publicou três livros autobiográficos, ‘Eu nua’, ‘Minha jornada interior’ e ‘Meus passos na busca da paz’. Traduziu várias obras do budismo.

Depois de anos morando em Nova Friburgo, no interior do estado do Rio de Janeiro, voltou à capital carioca por conta da saúde frágil, residindo no bairro tradicional do Flamengo, com uma dama de companhia. Odete Lara morreu em 4 de fevereiro de 2015, aos 85 anos, vítima de um infarto enquanto dormia. Seu corpo foi cremado no Cemitério Luterano, Nova Friburgo.

O filme Lara (2002) foi baseado na história de sua vida. A trama tem como pano de fundo os 30 tumultuados e mais importantes anos da vida brasileira no século passado: dos anos 1930 a meados dos anos 1970. Três atrizes interpretam Odete Lara em épocas diferentes de sua vida. Luanne Louback faz Odete criança, Maria Manoella é a adolescente e Christine Fernandes é a atriz adulta. Caco Ciocler protagoniza Guima, o personagem masculino mais importante na vida de Odete.

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