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Peter Bogdanovich, ícone da Nova Hollywood

O cineasta americano Peter Bogdanovich, de “A Última Sessão de Cinema” e “Lua de Papel”, morreu aos 82 anos, confirmou a revista especializada Variety na última quinta-feira (6). Ele morreu de causas naturais, em sua casa em Los Angeles.

Ícone da Nova Hollywood dos anos 1970, Bogdanovich também trabalhou como roteirista e ator, e cultivou uma carreira prolífica de seis décadas em Hollywood. Ele ainda estava na ativa e atualmente tinha uma comédia, “One Lucky Moon”, em pré-produção.

Mas seu trabalho mais celebrado foi mesmo “A Última Sessão de Cinema”, sobre um grupo de estudantes que, numa cidadezinha do Texas, precisa lidar com a decadência cultural e econômica ao seu redor. O longa foi indicado a oito estatuetas do Oscar e venceu duas –ator e atriz coadjuvantes, para Ben Johnson e Cloris Leachman.

Foi com o filme de 1971 que Bogdanovich conseguiu suas duas únicas indicações ao Oscar, em melhor direção e melhor roteiro adaptado. Ele não venceu, mas criou um sucesso de crítica e público que alavancou sua carreira e gerou comparações a Orson Welles, seu grande ídolo.

 

BIOGRAFIA

Peter Bogdanovich é filho de imigrantes fugitivos da Europa dominada pelo nazismo: seu pai, Borislav Bogdanovich (1899-1970) era pintor e pianista sérvio, e sua mãe, Herma Robinson Bogdanovich (1918-1979), era filha de uma família rica de judeus austríacos.

Estudou atuação com a professora e atriz Stella Adler, por volta de 1955. No início dos anos 60, Bogdanovich começou a programar festivais de cinema para o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. Um espectador obsessivo de filmes, quando jovem chegou a assistir a mais de quatrocentos filmes em um ano. Bogdanovich tirou do esquecimento e revalorizou o trabalho de cineastas americanos como John Ford, sobre quem escreveu um livro, baseado em suas notas tomadas enquanto produzia a retrospectiva sobre o diretor no MoMa; sobre o subestimado Howard Hawks, e também deu atenção aos pioneiros do cinema americano, até então ignorados, como Allan Dwan.

O cineasta, então com 32 anos, foi aclamado pelos críticos como um garoto-prodígio, nos moldes de Orson Welles, ao realizar seu filme mais conhecido, The Last Picture Show, em 1971. O filme recebeu oito indicações ao Oscar, incluindo Melhor Diretor para Bogdanovich e Melhor Filme. Ganhou duas estatuetas: Cloris Leachman e Ben Johnson nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Ator Coadjuvante. Cybill Shepherd, que interpretou o papel de Jacy Farrow, e Bogdanovich, apaixonaram-se durante as filmagens. O caso ocasionou o seu divórcio com Polly Platt, colaboradora de longa data e mãe de seus dois filhos.

O filme seguinte de Bogdanovich, outro sucesso, foi Essa Pequena é uma Parada (1972), estrelando Barbra Streisand e Ryan O’Neal, uma “comédia maluca” Screwball Comedy que deve muito a Bringing Up Baby (1937) e His Girl Friday (1941), ambos dirigidos por Howard Hawks. Apesar de sua dívida com os grandes cineastas do passado, Bogdanovich solidificou seu status como um dos grandes diretores do cinema, como os premiados Francis Ford Coppola e William Friedkin, com os quais formou The Directors Company, um contrato de produção vantajoso com a Paramount Pictures, que deu aos diretores carta branca, se eles se mantivessem dentro das limitações do orçamento combinado. Foi por meio deste contrato que Bogdanovich dirigiu Lua de Papel (1973).

Lua de Papel, uma comédia ambientada na era da Grande Depressão americana, era estrelada por Ryan O’Neal. Sua filha Tatum O’Neal, então com dez anos de idade, integrante do elenco, ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, e o filme marcou um dos melhores momentos da carreira de Bogdanovich.

Forçado a dividir os ganhos com os seus amigos diretores, Bogdanovich ficou insatisfeito com o arranjo. The Directors Company produziu somente mais dois filmes, The Conversation (1974), de Coppola, e Daisy Miller, de Bogdanovich, que teve uma recepção fria da crítica.

Bogdanovich dirigiu outros dois filmes na sequência: Noises Off, de 1992, que se tornou, anos depois, um cult movie, enquanto que o outro, The Thing Called Love, de 1993, ficou conhecido erroneamente como a última vez em que o ator River Phoenix atuou no cinema.

Bogdanovich morreu em 6 de janeiro de 2022, aos 82 anos de idade, em Los Angeles.

 

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