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Novidade na seleção, Ary Borges quer influenciar luta contra racismo

Convocada pela primeira vez para a seleção principal, Ary Borges quer dar exemplo dentro e fora de campo. No gramado, a meio-campista é uma das revelações da nova geração do futebol feminino e um dos destaques do Palmeiras na Série A1 (primeira divisão) do Campeonato Brasileiro. Além disso, a jogadora de 20 anos é ativa na luta contra o preconceito, seja ele de gênero ou racial, e deixa isso claro nas redes sociais. Na entrevista coletiva que concedeu na Granja Comary, em Teresópolis (RJ), onde está reunida com a seleção, não foi diferente.

“Quando falo sobre esses assuntos, muito sobre racismo, que é algo constante nos últimos dias, saio um pouquinho do lado Ary como atleta e entro mais no lado Ary como pessoa, que acaba usando esse lado atleta para influenciar outras pessoas a falar sobre isso. Infelizmente, é por infelicidades que acontecem, por mortes, por casos de racismo no esporte, mas é bacana que mais atletas estejam se pronunciando. O futebol é o maior influenciador em nosso país. Há muito tempo o assunto merecia essa importância”, afirmou.

Apesar de ser uma das novidades da técnica Pia Sundhage para o período de treinos na Granja Comary, iniciado no último dia 14, Ary não é novata quanto o assunto é seleção. A meia é parte de uma geração que disputou o Mundial sub-20 de 2018, na França, ao lado da zagueira Tainara, da lateral Isabella e da meia-atacante Victória Albuquerque, que também integram a equipe da sueca.

“É muito importante essa transição da sub-20 para a principal. A gente fica feliz de ver que as meninas da nossa geração estão tendo oportunidade de mostrar o trabalho. É algo que é muito cobrado, de meninas mais novas terem chance na seleção. A gente está aqui para mostrar nosso trabalho, que temos muito o que aprender e dar também, para ajudar nessa renovação. Estou muito feliz por ter vindo e mais ainda ao saber que elas puderam vir comigo. Estamos colhendo os frutos do que fizemos na sub-20 e também na sub-17”, avaliou Ary.

Devido às restrições de viagem em razão da pandemia do novo coronavírus (covid-19), Pia Sundhage só pôde chamar atletas que atuam no Brasil. O objetivo de Ary é seguir entre as convocadas da técnica quando a sueca tiver todas as atletas à disposição. “Tenho vivido um grande momento e tenho sentido isso. Estou aqui para ajudar, quero me consolidar, virar frequente na seleção, porque acho que com a experiência que ela [Pia] tem, posso contribuir muito com o que ela planeja na seleção”, destacou.

“Desde que a gente chegou aqui, vários assuntos foram tratados, entre eles, a questão da transição do meio-campo. Por ser da minha posição, óbvio que eu posso muito contribuir com isso. Mas, estou aqui também para mostrar que posso ajudar em outras fases do campo e deixar uma pulguinha atrás da orelha dela [Pia], caso precise de alguém para essa questão do jogo”, finalizou a meio-campista.

Nova chance

Outra novidade na convocação de Pia foi a defensora Pardal. Experiente, a jogadora do Corinthians, que completa 27 anos em outubro, havia sido chamada apenas uma vez – em 2017 – pela então técnica Emily Lima. De lá para cá, foi eleita a melhor zagueira do último Campeonato Brasileiro e a melhor da posição nos Paulistas de 2018 e 2019. Mesmo assim, a oportunidade com a sueca a pegou de surpresa.

“É algo que eu não esperava para este ano, pelo fato de terem acontecido algumas coisas pessoais e pela pandemia. Recentemente, perdi meu pai. Mas, vida que segue. Eu realmente esperava oportunidade anos anteriores e não tive. Entreguei nas mãos de Deus e a chance veio. Estou muito feliz e quero abraçar a chance, buscar uma vaga na Olimpíada [de Tóquio, no Japão, em 2021]. Se não for para ser, continuarei trabalhando, pois haverá outras e estarei em campo”, declarou Pardal, também durante entrevista coletiva.

Para assegurar presença em Tóquio, a defensora se colocou à disposição para atuar em outros setores do campo. A polivalência das atletas é uma das características que Pia Sundhage mais procura, já que só 18 jogadoras podem ser convocadas para a Olimpíada. “Sou zagueira, mas se ela precisar que jogue em outras funções, com certeza, estarei aqui para ajudar. Comecei a carreira como volante, é uma posição que sei fazer também”, garantiu Pardal, que vê semelhanças entre o estilo da técnica sueca e o do técnico Arthur Elias, do Corinthians.

“Cada um tem sua forma de jogar, seus princípios, mas [a forma da Pia] não foge muito [à do Corinthians]. Intensidade o tempo todo, ficar com a bola, recuperar rápido. São coisas que venho fazendo há bastante tempo. É manter o que ela pede. Está sendo um aprendizado muito grande”, reconheceu a zagueira.

Bola rolando

O período de treinos na Granja Comary seguiu até terça-feira (22). Clubes que tiveram jogadoras convocadas para as seleções principal e sub-20 – que está reunida em Pinheiral (RJ) – voltam a jogar pelo Brasileiro a partir desta quarta-feira (23). Único jogo a envolver times sem representantes nas duas listas, Vitória e Flamengo abriram a décima rodada da competição nacional no domingo (20). O Rubro-Negro carioca venceu por 1 a 0, com gol da atacante Rafa Barros, aos 32 minutos do primeiro tempo.

O resultado levou o Flamengo ao oitavo lugar, na zona de classificação, com 15 pontos. O time, porém, ainda pode ser ultrapassado na rodada por São Paulo, São José e Cruzeiro. O Vitória permanece zerado, na lanterna da Série A1, com dez derrotas em dez jogos.

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